Muitos reconhecem-lhe obra feita, mas também são muitos os que lhe criticam as regras democráticas utilizadas.
“A Madeira será o que os madeirenses quiserem”, afirmou Jardim no seu discurso de tomada de posse como Presidente do Governo Regional a 17 de Março de 1978, marcando, assim, o que seria a sua postura governativa.
A Região registava, na altura, os índices mais baixos de desenvolvimento em Portugal e não dispunha de uma economia minimamente sólida para sobreviver.

Os primeiros tempos de Jardim à frente do Governo foram marcados por um apoio total de Sá Carneiro e pelo início dos confrontos com Mário Soares.
E foi Mário Soares que, no princípio da década de 90, como Presidente da República, afirmou a existência de défice democrático na Madeira.
Desde então, a polémica tem sido amplamente debatida pelos partidos da oposição que a confirmam e insistem para que a Assembleia da República ou o chefe máximo da nação tomem providências.

O sistema de governo da Região é um sistema parlamentar, no qual o Governo Regional é apenas responsável perante a Assembleia Legislativa Regional e perante o Presidente da República. Este só pode dissolver os órgãos regionais por prática de actos graves contra a Constituição, repousando assim o funcionamento de todo o processo político autonómico no eleitorado regional e nas opções que este assume quando exerce o seu direito ao voto. E o certo é que, desde 1976, os madeirenses optaram sempre pela mesma força partidária em eleições livres e democráticas.
Refira-se também que os órgãos e entidades institucionais aos quais compete fiscalizar e garantir os princípios da democracia – partidos políticos, tribunais, Ministério Público, forças de segurança e comunicação social- existem e funcionam na Região à semelhança do restante espaço nacional.

Para alguns notáveis, a questão do défice está mais marcada por aspectos culturais do que políticos, próprios de uma pequena região, onde a sociedade está largamente influenciada pela insularidade e pelas consequências do ostracismo a que esteve sujeita durante séculos, o que fez nascer uma cultura centralizada em valores locais.

Realizado em Janeiro/2004

Milene Câmara