As notícias avançadas no dia de hoje, à semelhança das que quase todos os dias surgem sobre o conflito israelo-palestiniano, não são animadoras. Oito pessoas foram abatidas pelo exército israelita esta manhã: 7 em Rafah e uma criança em Hebron, na Cisjordânia. Elevam-se assim para mais de 40 o número de vítimas mortais palestinianas, em pouco mais de 48 horas.

Notícia de hoje é também a condenação de um importante membro da Fatah, Marwan Barghouthi, por um tribunal israelita. Aquele que dizem ser o número dois em popularidade entre os líderes palestinianos, a seguir a Arafat, foi condenado pela morte de 26 pessoas, segundo a Reuters. Numa altura de alta tensão, crê-se que a condenção conduza a novos incidentes, nesta problemática zona do médio oriente.

Nem a ONU, nem a comunidade internacional

Na sequência de mais um dia sangrento, na Faixa de Gaza, o Conselho de Segurança da ONU aprovou com 14 votos a favor e uma abstenção (dos EUA), uma resolução que apela ao fim da morte de civis e da destruição de casas palestinianas. Ao abrigo da quarta Convenção de Genebra, diz a resolução, “o poder ocupante” tem o dever de “cumprir escrupulosamente os seus deveres relativos a civis em tempo de guerra”.

Numa declaração ao CS, o Observador da ONU para a Palestina, afirmou que “a matança de hoje [ontem] de crianças palestinianas inocentes pelas forças ocupantes israelitas em Rafah, são a mais esclarecedora ilustração das bárbaras acções do poder ocupante”.

No dia de ontem registaram-se mais 24 mortos. Durante a manhã 14 pessoas morreram em confrontos com os militares israelitas e à tarde outras 10 faleceram numa manifestação perto do bairro de Tel Sultan, em Rafah.

As vítimas desta manifestação eram sobretudo adolescentes. As televisões de todo o mundo assistiram ao pânico instalado nas ruas, com pessoas estendidas no chão e crianças a serem transportadas em braços para ambulâncias. Registado ficou também o lançamento de um míssel por um helicópetero, que os israelitas dizem ter sido de aviso. Depois, um tanque abriu fogo e atingiu algumas das pessoas que seguiam na frente da manifestação.

Os militares israelitas alegam que alguns dos manifestantes estavam armados e que a maioria das vítimas registadas até ao momento dizem respeito a militantes palestinianos. Mas dentro do próprio território israelita há vozes que se levantam contra as últimas acções do seu exército.

O líder da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat denunciou as acções do exército israelita, as quais classificou de “crimes atrozes”. E mais uma vez requisitou o envio de forças internacionais para a Faixa de Gaza. George W. Bush pediu “contenção” às autoridades de Telavive e Tony Blair, classificou a ofensiva de “inaceitável e errada”.

Quem não parece estar em pé de recuar são os israelitas. O ministro da Defesa, Shaul Mofaz garantiu que a operação vai continuar “enquanto for necessário”. Recorde-se que, segundo as autoridades israelitas o motivo que está na base destas incursões, é a tentativa de desmantelamento dos túneis que permitem o tráfico de armas entre a Faiza de Gaza e o vizinho Egipto.

Liliana Filipa Silva