Primeiro foi o encontro com o Benfica, decidido pela cabeça de Luisão e que sentenciou a sorte dos leões num campeonato que se preparavam para vencer. Dias volvidos foi o CSKA de Moscovo. Em pleno Alvalade, Daniel Carvalho conduziu os russos à vitória na Taça UEFA, prova que o Sporting nunca conquistou. No fecho do campeonato, a derrota caseira ante o Nacional roubou aos leões a possibilidade de conseguirem acesso directo à Liga dos Campeões 2005/2006.

Em virtude desse terrível final de época, o Sporting foi o primeiro dos “grandes” a voltar ao trabalho. Peseiro ultrapassou a séria oposição de grande parte da massa adepta sportinguista e lidera o plantel pela segunda temporada consecutiva. Desta feita não há mesmo desculpa para percalços e o primeiro teste chega bem cedo: a 3ª pré-eliminatória de acesso à “Liga dos Milhões”.

Com um plantel que ainda não parece fechado, Peseiro fez já opções controversas mas tem ainda outras decisões para tomar. Rui Jorge e Pedro Barbosa saíram após processos pouco elegantes mas a frente de ataque também sofreu muitas alterações. Mota e Niculae nunca provaram ser insubstituíveis mas, pior do que isso, raramente conseguiram mostrar utilidade.

Reforçar sem ter dinheiro

Com Luís Loureiro a render Hugo Viana, o Sporting reforçou a frente de ataque com Manoel (ex-Moreirense) e Deivid (ex-Bordéus, via Santos), mas também viu regressar Silva (rodou em Guimarães) e Silvestre Varela, o jovem Drogba português que evoluiu no Casa Pia e deu nas vistas pela selecção sub-21.

Atrás, a saída de Rui Jorge foi colmatada por Edson, o esquerdino do Leiria que tem um pontapé-canhão. Enak saiu para Moscovo, mas deve ser rendido por um jogador da casa, goradas que parecem estar as negociações com vista à aquisição do “bracarense” Nunes. Aliás, do plantel de Jesualdo Ferreira também não devem chegar João Alves nem Wender. As negociações com vista à compra dos passes do médio e do extremo não chegaram a bom porto.

Voltando atrás, Semedo e Miguel Veloso são as alternativas para tapar uma das vagas que resta preencher no centro da defesa. Tonel, formado no FC Porto, chega da Madeira para o lugar do internacional nigeriano mas a saída de Hugo ainda não foi colmatada. A julgar pelos desafios de pré-temporada, Semedo leva vantagem sobre o filho do ex-capitão do Benfica.

Aposta na formação

João Moutinho foi a grande descoberta do futebol português na temporada transacta. Aos 18 anos, este médio algarvio foi lançado por Peseiro durante a pré-temporada mas só mais tarde confirmou o que já então se previa: a Academia lançou um novo craque. A julgar pelo mês de trabalho, a temporada que se inicia pode trazer mais surpresas.

Para além dos centrais já referidos, o meio-campo e o ataque também têm caras novas. Uma delas é a de Silvestre Varela, um avançado que não passa despercebido. Internacional sub-21, joga ao centro mas também sobre as alas, o que o pode favorecer. Num plantel com poucos extremos, Varela pode ir ganhando o seu espaço.

Nani é uma agradável revelação do estágio leonino. Tem toque de bola e presença sob o relvado mas necessita de ganhar massa muscular para se afirmar na exigente Superliga portuguesa, que requer grande capacidade atlética. Vai evoluir no plantel principal, pelo que pode ganhar alguns minutos. Tem uma grande vantagem: joga em qualquer posição do meio-campo para a frente.

Indecisões

Na defesa há apenas que resolver quem fecha o quarteto de centrais mas a partir daqui há assuntos a debater, sobretudo no ataque, sendo que não é de descartar uma contratação para o miolo. Por ora, Peseiro parece ter à disposição unidades suficientes para formar o quarteto do meio-campo. Custódio, Carlos Martins, Moutinho, Rochemback, Luís Loureiro e Tello são os principais nomes para este sector.

No ataque, a chegada de Deivid deve fazer Douala recuar para o miolo, ainda que descaído num flanco. O avançado ex-Bordéus quer um lugar ao lado de Liedson, o que altera a composição do onze leonino. Se na época transacta o ex-Corinthians estava habituado a jogar com alguém nas costas ou pelos lados, é possível que nesta temporada partilhe o reduto mais avançado com alguém com características semelhantes.

Daqui se depreende que há avançados de sobra. Manoel (ex-Moreirense) não tem qualidade para ficar em Alvalade e é muito provável que assine pelo Guimarães. Silva também não é certeza, contrariamente ao chileno Mauricio Pinilla. José Peseiro tem um plantel de 29 jogadores, o que será, à partida, demasiado grande.

Pontos fortes:
– Liedson. A continuidade do melhor jogador da última Superliga é a melhor notícia para os leões.
– Aposta na juventude para um plantel que já é jovem mas que alia essa característica a uma notável experiência.

Pontos fracos:
Edson vale mais pelo pontapé do que pela qualidade em jogo corrido e Paíto não será grande alternativa.
Plantel muito extenso pode prejudicar motivação individual e, por arrastamento, do colectivo.

André Viana