Vários representantes das artes cénicas do Norte do país deslocaram-se terça-feira a Lisboa para se manifestarem junto ao Ministério da Cultura com o objectivo de obter a “garantia da tutela de que o problema do financiamento às estruturas de teatro do Norte seja resolvido independentemente do processo que corre nos tribunais”, esclareceu a presidente da Plateia, Catarina Martins, ao JPN.

O protesto foi organizado pela Plateia (Associação de Profissionais das Artes Cénicas), estrutura criada no ano passado e que agrega várias companhias de teatro da região Norte e 158 artistas.

Cerca de uma dezena de representantes daquela estrutura viajou até Lisboa para fazer uma “pateada simbólica” em frente ao Ministério da Cultura: à porta ministerial foram colocadas dezenas de sapatos como protesto contra a situação de sub-financiamento das estruturas cénicas nortenhas.

O secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, acabou por receber cerca da 10 membros da Plateia. A associação reclamou ao Governo um “plano de emergência” para o teatro do Norte.

No regresso ao Porto trouxeram uma garantia deixada por Mário Vieira de Carvalho: vai ser possível, até ao final do ano, desbloquear a situação de sub-financiamento das estruturas cénicas nortenhas, uma vez que existe um pacote legislativo em preparação. Tudo aponta para que sejam criados processos para “poder financiar as estruturas independentemente do processo que está em tribunal [a providência cautelar interposta em Abril pela associação cultural Panmixia devido à não atribuição de verbas]”. Porém, Catarina Martins frisa que esses mecanismos ainda não estão determinados.

Após discussão pública, o pacote legislativo deverá ser publicado até ao final deste mês para que seja possível agir até ao final do ano, explicou a presidente da Plateia. Catarina Martins não deixa, no entanto, de revelar alguma preocupação: “pode demorar mais do que o final do ano”. É, portanto, “uma emergência um bocado lenta”, lamentou a representante.

Mais companhias em risco

Várias estruturas teatrais do Norte podem vir a fechar as portas a muito curto prazo. Segundo Catarina Martins, neste momento existem 21 estruturas em risco.

O Teatro de Ferro confirmou terça-feira a suspensão da próxima produção, mas Catarina Martins adiantou que mais duas companhias nortenhas deverão, dentro de dias, anunciar a interrupção de actividades devido a falta de verbas.

As companhias Pé de Vento, Filandorra, As Boas Raparigas, Seiva Trupe e Teatro de Marionetas do Porto cancelaram os espectáculos até ao final do ano.

Ana Correia Costa
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