É o sétimo aniversário de um dos espaços culturais mais conhecidos do Porto. O edifício Artes em Partes, na Rua Miguel Bombarda, comemora sete anos de vida. Para os celebrar, amanhã, das 15h00 às 20h00, há “surpresas”, descontos e a inauguração de duas exposições. Uma delas mostra filmagens de quando o edifício abriu com a nova “cara”, reabilitando um prédio do princípio do século passado.

Apesar dos sete anos de existência e do facto do Artes em Partes ser “conhecido pelo país inteiro”, a gerente, Marina Costa, não hesita em qualificá-lo de um “mau negócio”. “É um acumular de dívidas, dores de cabeça e algum prazer”, descreve a responsável, que também gere a Arranha-Céus (loja de mobiliário e decoração), no terceiro piso.

Marina Costa lamenta que o Artes em Partes esteja em dissonância com o resto da cidade. “[No Porto] A cultura não é aberta”, diz. A gerente aponta críticas à política cultural da Câmara do Porto, mas também à população da cidade. “Sobrevivemos praticamente à custa de [clientes de] Lisboa. São pessoas com outra visão”, afirma.

O Artes em Partes “sobrevive” sem apoios públicos, como uma empresa comum apesar das intenções artísticas que existem por trás de cada loja. “É muito complicado fazer qualquer coisa no Porto. Continuamos a tentar sobreviver”, reconhece Marina Costa.

A gerente quer agora “pôr os impostos em dia” para poder concorrer a alguns mecanismos de apoio públicos. No entanto, não está muito confiante: “Eles não dão apoios a ninguém que não tenha ‘currículo'”. E conclui: “Cada vez há menos paciência e começo a pensar se vale a pena”.

O Artes em Partes tem três pisos e rés-do-chão. O edifício mantém a traça original do princípio do século passado. Alberga várias lojas, como a Matéria-Prima (discos e publicações, especializada na música electrónica), a Embaixada Lomográfica do Porto (máquinas fotográficas Lomo) e a Rota do Chá, e exposições temporárias.

Texto e foto: Pedro Rios