De todos os países da União Europeia, foi em Portugal que a taxa de divócios mais aumentou (89%) entre 1995 e 2004, segundo um estudo da Instituto de Política Familiar (IPF), avançado hoje, segunda-feira, pelo “Diário de Notícias”.

Na Europa há um milhão de divórcios por ano, ou seja, por cada dois casamentos, há um divórcio. Nos últimos 15 anos, 16 milhões de crianças foram afectadas fim do casamento dos pais.

Maria Engrácia Leandro, especialista em sociologia da família, explica ao JPN que este aumento se deve a uma mudança de mentalidades. O decréscimo da prática religiosa, a escolarização e a independência financeira da mulher levaram à diminuição do “controle social” e à abertura das mentalidades.

“As pessoas têm uma religião mas não a praticam, o casamento religioso já não tem o mesmo impacto. Entre 1991 e 2001, o casamento religioso diminuiu 10% enquanto o casamento civil diminuiu numa proporção mais pequena”, disse.

A escolarização da mulher fez com que ela não aceitasse tão facilmente a “submissão” em relação ao homem. A independência financeira da esposa pôs fim aos casamentos por uma questão de sobrevivência, afirma a professora catedrática da Universidade do Minho.

“Um outro factor muito importante é a sentimentalização do casamento. O casamento dura enquanto dura o amor sentimental; quando acaba o sentimento, acaba geralmente também o casamento”, afirmou.

Mas a socióloga realça o facto de a maioria dos divorciados, sobretudo os homens, procurarem constituir família mais tarde. “Esta situação faz com que o número de famílias também aumente”, revela Engrácia Leandro.

O estudo do IPF vai ser apresentado amanhã no Parlamento Europeu, no âmbito do Dia da Europa.

Texto e foto: Tatiana Palhares