Cavaco Silva elogiou hoje, segunda-feira, o Executivo de José Sócrates pela “aposta correcta” para aumentar a “capacidade competitiva” do país, numa alusão aos dois programas emblemáticos do Governo: o Plano Tecnológico e o “Compromisso para a Ciência”.

“Portugal tem que fazer o possível para atrair algum investimento estrangeiro e apostar na criação de empresas de elevada tecnologia. Penso que Portugal tem vindo a fazer nos últimos tempos a aposta correcta”, afirmou Cavaco, no arranque do “Roteiro para a Ciência”, no Porto.

O Presidente da República defendeu o “conhecimento e a inovação” como as “palavras-chave” para aumentar a “capacidade competitiva” do país, no contexto da globalização. “E para chegar aí precisamos de investigação científica e recursos altamente qualificados”, completou Cavaco, na visita ao laboratório Bial, na Trofa.

O Chefe de Estado sublinhou a importância dos “recursos nacionais”, não desvalorizando o investimento exterior. “Seria um erro para Portugal colocar de lado o investimento directo estrangeiro, mas também temos que apostar fortemente nos recursos nacionais”, disse.

UP atrai “gente de topo” da investigação internacional

Acompanhado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, Cavaco Silva visitou os Institutos de Biologia Molecular e Celular e de Engenharia Biomédica (IBMC/INEB), da Universidade do Porto.

Em conversa com o director do IBMC, Alexandre Quintanilha, o Presidente admitiu que se deve “difundir a cultura científica para atrair novos valores” e contrariar o desconhecimento da população portuguesa sobre o que se faz na área.

“Os cientistas estão a trabalhar no segredo dos seus laboratórios e lá fora não se sabe”, disse. Em resposta, Alexandre Quintanilha lembrou o papel dos ministros e do Presidente da República no apoio à divulgação da ciência.

Em declarações ao JPN, o director do IBMC sublinhou que o instituto “este ano, pela primeira vez, conseguiu atrair gente de topo lá fora”. Alexandre Quintanilha destacou a “preocupação de internacionalização” do instituto, através da contratação, nos últimos cinco anos, de um terço de investigadores estrangeiros.

O cientista relembrou que “a ciência como área de investimento em Portugal tem apenas 20 anos e em 20 anos não se faz aquilo que a Europa fez em 400”. No entanto, acredita que há “condições para se fazer investigação de grande qualidade em Portugal”.

Relativizando a ideia da “fuga de cérebros” para o estrangeiro como um fenómeno europeu e não apenas português, Quintanilha acrescentou que o instituto não está a atrair “apenas aqueles jovens que foram lá fora fazer o doutoramento e voltaram”, mas “pessoas que criaram a carreira científica lá fora e querem vir para Portugal”.

Texto e foto: Carina Branco