A Fundação de Serralves quer ser promotor da criação de um circuito nacional de arte contemporânea, à semelhança dos que existem para o teatro e bibliotecas.

O objectivo é utilizar a experiência da instituição portuense para “criar um contexto artístico fora de portas”, explicou o director do Museu de Serralves, João Fernandes. Serralves convidou 10 autarquias e seis já deram resposta positiva, entre as quais Torres Vedras, Sines e Vila do Conde.

“O museu normalmente não é o espaço onde um jovem artista mostra o seu trabalho”, afirmou João Fernandes, na conferência de imprensa de apresentação do plano de actividades para 2007. Serralves quer assumir o papel de “facilitador”, aproveitando os bons espaços que já existem, mas que, muitas vezes, têm falta de uma programação coerente e continuada.

“Há poucos locais” para mostrar novos trabalhos, uma realidade que contrasta com os “mais de 200 artistas” que terão surgido nos últimos cinco anos em Portugal, observou o director do Museu de Arte Contemporânea (MAC).

Outra prioridade em 2007 é reforçar a componente educativa de Serralves. Para isso, estão a ser firmadas parcerias com entidades que trabalham em bairros “difíceis”, departamentos de pediatria dos hospitais do Porto e com o Instituto de Reinserção Social. A intenção é, ainda durante este ano, chegar a novos públicos tradicionalmente arredados de Serralves.

Retrospectiva de Robert Rauschenberg

Apesar das “restrições orçamentais”, o presidente da Fundação, António Gomes de Pinho, acredita que o calendário de exposições tem a mesma “qualidade e intensidade” do que os de anos anteriores. O orçamento global de Serralves é de 7,5 milhões de euros, dos quais 1 milhão é destinado ao museu.

Este ano, haverá 11 exposições individuais de artistas de várias gerações, quatro mostras na biblioteca e duas outras com a colecção da Fundação, reunida durante oito anos. “É tempo de a começar a mostrar em permanência”, considera João Fernandes.

Uma retrospectiva do trabalho de Robert Rauschenberg produzido nos anos 70 (de 12 de Outubro a Janeiro de 2008) é um dos pontes fortes da actividade do MAC. Trata-se de “uma fase que até agora não é suficientemente conhecida” do artista norte-americano. Entre 13 de Abril e 11 de Julho, Katharina Grosse vai “invadir e alterar os espaços” através das suas pinturas em “spray” (na foto).

Outros nomes destacados pelo director do museu são os de Maria Norman (4 de Maio a 15 de Julho) e François Dufrêne (27 de Julho até 14 de Outubro). Entre os portugueses, estão Jorge Queiroz (13 de Abril a 11 de Julho) e Luísa Cunha (13 de Julho a 30 de Outubro), que “vai mostrar a Casa de Serralves a partir do som”.

Música, teatro e dança dos anos 80

De Março a Novembro, Serralves organiza um ciclo de conferências internacionais sob o nome “Crítica do Contemporâneo”. Política, Educação e Biologia são os três ciclos temáticos num total de 12 sessões, que pretendem por “em confronto intelectuais europeus e norte-americanos”.

“O Porto e o Norte têm sido progressivamente afastados da discussão dos problemas da sociedade contemporânea”, referiu António Gomes de Pinho.

Paralelamente à exposição “Anos 80“, decorre um ciclo de artes performativas. Destacam-se os nomes de Mark Stewart, fundador dos importantes The Pop Group, a 14 de Abril, e dos britânicos Nurse With Wound (data a anunciar), um dos maiores nomes da música subterrânea das últimas décadas.

O coreógrafo Bill T. Jones regressa ao Porto a 21 de Maio, com “Blauvelt Mountain”, peça partilhada com Arnie Zane.

Pedro Rios
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Foto: Katharina Grosse/DR