Tomorrow Options – Microelectronics é o nome da empresa criada este ano com o apoio do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) do Porto que apresenta agora o seu primeiro produto: um aparelho que pretende contribuir para uma melhor qualidade de vida de quem sofre de pé diabético.

É uma doença que afecta 15% dos diabéticos e é causa de amputação de um membro a cada 30 segundos em todo o mundo. Foi com o intuito de prevenir e avaliar os efeitos da doença que um grupo de investigadores criou o “WalkinSense”.

O projecto tem como investigadores Paulo Santos e Catarina Monteiro e conta ainda com a colaboração de Miguel Velhote Correia e Sérgio Reis Cunha, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Um outro accionista é o INESC, onde ficou sediada a empresa.

O aparelho inovador recolhe dados sobre a distribuição do peso do corpo na planta do pé e sobre a mobilidade, caracterizando os movimentos dos pacientes.

“Pode permitir medir as pressões exageradas que, por vezes, os doentes diabéticos têm a nível do apoio plantar. E, conhecendo essas pressões exageradas, poderemos arranjar medidas correctivas, quer nos sapatos, quer nas palmilhas, que permitam impedir o aparecimento de feridas nos pés ou até levar à sua cicatrização mais rápida”, disse ao JPN Rui Carvalho, responsável pela consulta do pé diabético, no Hospital de Santo António.

O director da empresa, Paulo Santos, contou ao “Jornal de Notícias” que a ideia nasceu após verificar que os dispositivos que existiam para o pé diabético eram muito caros e só funcionavam em laboratórios. “Durante a pesquisa, verificámos que esta doença apresenta, só em custos directos, mil milhões de dólares (cada amputação ascende a 30 mil, 40 mil dólares). Sabemos também que três anos após uma amputação é usual verificar-se uma segunda”, sublinhou.

Por outro lado, “cerca de 80% dessas amputações podem ser evitadas. A questão é avaliar e tratar antes do surgimento de uma complicação mais grave”, acrescentou Paulo Santos.

“Os diabéticos têm problemas circulatórios, neuropatias (perda de sensibilidade) e deformações ósseas, que levam ao stress em determinadas partes da planta dos pés, que não são tratadas porque não são sentidas”, acrescentou o investigador. A acrescentar a estas dificuldades, os diabéticos não conseguem ver os pés, ou porque são obesos ou porque a doença já provocou cegueira, dependendo totalmente da observação médica.

“O dispositivo é composto por sensores, que o médico coloca nas palmilhas do doente. Os sensores permitem uma monitorização em tempo real, porque armazena e processa os dados para o médico avaliar, tendo em conta o quotidiano do doente, sem o limitar a um laboratório”, continuou o mentor do projecto.

No Hospital Santo António, no centro norte-americano “Center for Lower Extremity Ambulatory Research” e na clínica britânica “Diabetic Foot Clinic”, vão ser realizados testes clínicos com o dispositivo.

“Não tenho uma data precisa, mas será para breve”, referiu ao JPN Rui Carvalho, acerca da data provável para o inicio dos testes no Hospital Santo António. “Neste momento o projecto está entregue, aguardo uma reunião a todo o momento para depois se iniciar, de facto, esses estudos nos nossos doentes, para vermos a vantagem clara do ‘WalkinSense’”, explicou.

O “WalkinSense” poderá ser comercializado em Fevereiro ou Março de 2008 e o custo irá rondar os 2.000 euros.