03h00. O “Mãe Puríssima”continua a sua cavalgada ao encontro do pescado. O mestre Zé Manel vai descansar um pouco antes de iniciar o lançamento das redes para o oceano, deixando no seu posto um tripulante da sua confiança. 40 minutos depois, o mestre volta ao leme para comandar os 15 quilómetros de rede que são largados no mar.
No alto mar com os pescadores:
Parte 1: “Se tiver que morrer no mar, morro feliz”
Parte 2: O lançamento das redes
Parte 3: As carícias do oceano
Parte 4: Quando o mar e a terra se “juntam”
No exterior, sente-se o ar fresco com cheiro a maresia. Por vezes, escuta-se o som das gaivotas à procura de alimento no “Mãe Puríssima”. Zé Manel conta que gostaria de ser arquitecto, mas pelo seguro escolheu ser pescador, outra profissão que ama e respeita. A religião não abandona estes homens do mar: o convés encontra-se enfeitado com uma estátua iluminada de Nossa Senhora de Fátima juntamente com as fotos da embarcação.
De repente, às 03h56, os motores abrandam e o silêncio é irrompido por um grito que sinaliza a largada de uma bóia de sinalização. Estamos entre 50 e 65 quilómetros de terra.
Às 04h10, quatro dos tripulantes encontram-se na parte superior externa da embarcação a acompanhar o desenrolar das redes, enquanto que os outros dois tripulantes, no convés, fazem alguns preparos para a pescaria. Às 04h48, as redes estão quase lançadas, mas os tripulantes que se encontram cá fora aquecem-se com um café quente.
Finalmente, às cinco horas da manhã, é lançada a última bóia de sinalização. Agora é só esperar duas horas e meia pelo recolher das redes, explica Zé Manel. “Por volta das 7h30 recolhemos as redes. Enquanto não as recolhemos vamos descansar um pouco ficando sempre um vigia velar pelo ‘Mãe Puríssima’”.
José Festas, presidente da Associação Pró Maior Segurança dos Homens do Mar, diz que o que aconteceu com o “Luz do Sameiro” (em que morreram seis pescadores), em Dezembro do ano passado, deve servir de exemplo para os trabalhadores da pesca.