Formação pelos Pares. É o nome de um projecto original protagonizado pela Comunidade Contra a Sida. A ideia partiu de Machado Caetano, médico e professor de Imunologia na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.
“Tudo nasceu de um diálogo com alunos universitários que foram sensíveis ao desafio de eles próprios poderem ser mentores na educação de outros jovens num processo de educação pelos pares”, conta Machado Caetano ao JPN.
Um dos objectivos da fundação é mobilizar a sociedade portuguesa através da sensibilização e também colaborar na informação e educação preventiva. Uma das formas para o fazer é a formação pelos pares, defende o médico.
O projecto assenta na ideia de que a aprendizagem é facilitada quando a idade dos conselheiros é semelhante à idade daqueles que necessitam de aconselhamento. Deste modo, um grupo de jovens voluntários de diferentes universidades foi destacado e devidamente coordenado por Machado Caetano no sentido de formar alunos a frequentar o 3º ciclo, em 2004.
O trabalho visava criar Brigadas Escolares de Intervenção (BEIS). Margarida Guimarães, uma das psicólogas envolvidas no projecto, explica que o objectivo das brigadas é “promover mecanismos autónomos dentro das escolas. Estes alunos do 9º ano depois já vão formar os colegas de 7º e de 8º que chegam ao 9º e formam eles próprios uma BEI, dando continuidade ao projecto”.
No Porto, a formação pelos pares vai arrancar mais uma vez a partir de Janeiro.
Teatro Universitário de Intervenção
Um dos projectos associados à Formação pelos Pares é o Teatro Universitário de Intervenção (TUI), que já demonstra resultados positivos noutros pontos do país (ainda não chegou ao Porto). Sérgio Fernandes, um dos voluntários do projecto, explica em que consiste o TUI: “É uma forma de teatro em que representamos várias problemáticas, nomeadamente a sida, as doenças sexualmente transmissíveis, as pressões do grupo, as drogas. A partir dessa representação, há posteriormente um debate.”
Tanto as brigadas, como o teatro universitário de intervenção são mais-valias no processo educativo. Jovens que ensinam jovens é uma forma de multiplicar o conhecimento. Machado Caetano refere que todos saem a ganhar neste processo, incluindo o jovem formador. “O próprio universitário, o jovem mais velho que funciona como par educador, ele próprio também cresce no processo educativo. Também adquire mais maturidade, sentido de responsabilidade social e até política”, diz.
Ana Lopes, voluntária, diz que este método é mais interessante do que a forma clássica de passar a teoria aos mais jovens.
Sensibilizar é uma forma de prevenir. A presidente da Comunidade contra a Sida, Filomena Frazão de Aguiar considera que não há falta de campanhas, mas diz que elas “não estão é adequadas. É por isso que continuam a infectar-se tantas pessoas. Cada vez mais jovens também. Porque informadas elas estão, não estão é sensibilizadas para mudar o seu comportamento”.