Chama-se musicoterapia e é uma nova área em Portugal. O nome diz tudo: a música é usada para fins terapêuticos. Márcia Vasconcelos é musicoterapeuta e faz sessões em instituições. O JPN assistiu a uma aula com utentes do Espaço T, no Porto, que sofrem de perturbações mentais.

São perto das 10h30. As persianas verdes abrem-se. O sol acorda na sala e encadeia os olhos. Márcia prepara mais uma aula. Ouvem-se as primeiras notas musicais. Uma nota mais grave mistura-se com outra mais aguda. Começa a respirar-se música.

Dispostos em círculo, os alunos falam de tudo e de nada. A conversa é interrompida pelo bom dia e da boa disposição da utente mais antiga das sessões. Manuela veio directamente do hospital, onde esteve internada 15 dias, devido a uma depressão – um dos campos que a musicoterapia pode intervir.

Promover o bem-estar é um dos objectivos da musicoterapia. Apesar de saber que é uma terapia pouco divulgada em Portugal, Cristina Alves, utente da associação, defende que todas as pessoas deviam praticar uma actividade que as ajudasse a libertar das pressões do quotidiano. “A música é a minha terapia sempre que estou mais em baixo”, afirma.

11h. O início da aula está atrasada 20 minutos. Entre murmúrios, um ou outro aluno deixa sair uma palavra de mágoa por ter estado o fim-de-semana sozinho. É o caso de Natália, 33 anos. Com as mãos cruzadas sob a pernas, mostra tristeza no olhar.

Frequenta as sessões de musicoterapia, não só por aconselhamento médico, mas também porque encontra a força e a tranquilidade que precisa.