Era já manhã de segunda-feira em Timor-Leste quando um grupo de militares rebeldes, liderados pelo fugitivo Alfredo Reinado, atacou a residência do presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta. Os guardas do Nobel da Paz responderam aos disparos, mas não conseguiram evitar que Ramos-Horta fosse baleado no estômago.

O ex-primeiro-ministro timorense foi já operado, tendo sido posteriormente transferido para o hospital de Darwin, na Austrália, onde se encontrará em “situação grave, mas estável”. Em declarações à Agência Lusa, o enfermeiro do INEM que assistiu o presidente de Timor-Leste afirmou que Ramos-Horta sofria de uma hemorragia “muito grande” e que se encontrava em “estado de choque”. O presidente timorense está em estado de coma induzido.

O porta-voz do exército, Domingos da Câmara, afirmou, citado pela AP, que o major Alfredo Reinado terá sido morto durante a incursão contra a casa de Ramos-Horta. Outro grupo de rebeldes, liderado por Gastão Salsinha, disparou contra o carro onde seguia o primeiro-ministro Xanana Gusmão, mas este saiu ileso do ataque.

Gusmão já decretou estado de sítio no país e o vice-presidente do parlamento, Vicente Guterres, assumiu interinamente a presidência. “Estamos a ponderar sobre a forma como o Estado deve reagir a tudo isto”, afirmou Xanana Gusmão, em comunicado colocado no blogue Timor Online. O antigo guerrilheiro garantiu que “os olhos e ouvidos do Estado devem estar abertos para garantir que Timor-Leste não se torna um estado falhado”.

Comunidade internacional manifesta apoio

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, já fez saber que se encontra “chocado e perturbado” pela situação em Timor e que “condena nos termos mais fortes possíveis os ataques inaceitáveis contra as instituições legítimas do Estado e apela ao povo timorense para se manter calmo e para evitar actos de violência”.

A polícia das Nações Unidas encontra-se “em alto estado de alerta” e está a coordenar a sua actuação com as Forças de Segurança Internacionais.

O primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, afirmou que Timor “pediu ajuda” e que a Austrália “vai fornecê-la”, na figura de um reforço de 120 soldados e 70 polícias federais. Rudd aceitou o convite de Xanana Gusmão para visitar Timor-Leste durante esta semana. “A minha razão para o fazer é reforçar, em pessoa, a determinação da Austrália em estar ao lado de Timor-Leste nesta altura de profundo desafio para os seus processos democráticos”, afirmou Rudd ao jornal The Australian.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, expressou, em comunicado [PDF], “a profunda solidariedade da Comissão Europeia para com o povo de Timor-Leste”. “Continuaremos ao lado das instituições democráticas e vamos encarar os desafios em frente, ajudando as instituições timorenses a consolidar a democracia e o estado de Direito”, garantia o texto.

Quer o primeiro-ministro português, José Sócrates, quer o presidente da República, Cavaco Silva, já condenaram o ataque contra os líderes timorenses e manifestaram o seu apoio a José Ramos-Horta.