O Prémio Pulido Valente Ciência, criado conjuntamente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Fundação Professor Francisco Pulido Valente (FPFPV), distinguiu, na sua edição deste ano, a investigadora Margarida Isabel Albuquerque Almeida Santos pela sua investigação sobre os mecanismos que regulam as células na produção de anticorpos.

A investigadora de 31 anos, licenciada em Biologia Molecular, actualmente desenvolve a sua actividade no departamento de Patologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos EUA. O prémio Pulido Valente distingiu-a na área de Organização Funcional da Célula com o artigo “Notch1 engagement by Delta-like 1 promotes differentiation of B lymphocytes to antibody-secreting cells” (em PDF, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences).

Ana Pombo, um dos elementos do júri do prémio Pulido Valente Ciência, disse ao JPN que a escolha de Margarida Isabel Albuquerque Almeida Santos foi feita por o seu “trabalho ser de muita qualidade científica na área da regulação celular e por ter sido realizado num laboratório nacional”.

Segundo Margarida Almeida Santos, a sua investigação contribui para uma melhor compreensão dos mecanismos que regulam a produção de anticorpos, elementos cruciais na resposta imunitária dos organismos a infecções bacterianas, virais, vacinas, entre outros. “No caso das vacinas, por exemplo, estas só funcionam bem quando as pessoas têm uma determinada quantidade de anticorpos, ou seja, manipulando a quantidade de anticorpos poderemos aumentar a eficácia das vacinas”, afirmou a investigadora ao JPN.

O receptor Notch foi o objecto de estudo da investigadora. “Este receptor é uma proteína que existe na membrana das células e que regula a produção de anticorpos quando a ele se ligam proteínas específicas”, afirma. “É muito importante para a produção de anticorpos, pois quando desligamos este receptor, através de manipulação genética, a produção de anticorpos é drasticamente diminuída”, referiu.

Segundo o estudo, “a manipulação do receptor poderá abrir caminho a terapias promissoras no tratamento de patologias resultantes da desregulação da produção de anticorpos, como o caso da auto-imunidade ou o cancro das células plasmáticas”. “Através do controlo dos anticorpos poderemos tratar doenças em que existe uma produção excessiva de anticorpos, como a artrite-reumatóide e a lúpus”, refere Margarida Almeida Santos.

A investigadora premiada disse ainda que “ainda existe um longo caminho a seguir até à aplicação clínica desta investigação”, uma vez que, por enquanto, os testes da investigação são feitos em ratos de laboratório.