O grupo editorial LeYa assinou esta segunda-feira um contrato-promessa com a empresa de capital de risco Explorer Investments, detentora do grupo Oficina do Livro desde 2006.

Até ao final de Junho, a LeYa deverá concluir a aquisição total do grupo, composto pelas editoras Oficina do Livro, Casa das Letras, Teorema, Estrela Polar e Sebenta. As cinco editoras juntam-se assim à Dom Quixote, Caminho, Edições ASA, Texto Edições, Gailivro, Nova Gaia, à angolana Ndjira e à moçambicana Nzila, num universo de 13 editoras.

José Saramago, António Lobo Antunes e Mia Couto são alguns dos sonantes nomes que a editora representa no mercado livreiro. Com a aquisição do grupo Oficina do Livro, a LeYa passa a publicar também os livros de Miguel Sousa Tavares e de Margarida Rebelo pinto, dois autores com elevados níveis de vendas em Portugal.

Em comunicado, o grupo de Miguel Pais do Amaral reconhece que os objectivos desta operação passam por se consolidar no “mercado editorial nacional reforçando a sua liderança em termos de negócios”. Ao nível da expansão, o grupo quer adquirir “dimensão internacional no campo da língua portuguesa” e o Brasil deverá ser o próximo território a explorar.

A LeYa justifica que a compra se deve ao facto de a empresa ser “muito rentável e com uma agressiva dinâmica editorial, de marketing e comercial”, para além dos objectivos comuns de promoção de autores de língua portuguesa. Garante ainda que irá manter “a identidade e independência editorial das editoras que integram o Grupo Oficina do Livro” pelo que António Lobato Faria continuará na direcção.

Francisco José Viegas, director da LER, revelou no blogue da revista que “nunca, até agora, um grupo económico e editorial conseguiu concentrar tantas marcas de edição, tantas empresas editoras outrora independentes, e ao mesmo tempo, deter um valor tão substancial em direitos de autores nacionais”.

“Estamos perante alguma concentração”

O grupo entra na disputa pela liderança do sector livreiro nacional com a Porto Editora e a Direct Group, apesar de ter uma facturação ainda bastante inferior. “Estamos perante um quadro de alguma concentração, em que passamos de quatro grandes grupos editoriais para três e o grupo LeYa fica mais fortalecido”, assumiu o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), António Baptista Lopes.

Contudo, o presidente da APEL assegura que “o bem enriquecedor da diversidade não está posto em causa”, uma vez que em Portugal há cerca de 200 editoras activas.