A três dias do encerramento do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), o balanço da 31ª edição é, segundo o director artístico Mário Moutinho, “francamente positivo”. Apesar de este ano ter havido menos espectáculos, devido a cortes orçamentais, o director acredita que se vai manter o mesmo número de espectadores do ano passado: 12.000.

“O segundo espectáculo [da peça] ‘Say It With Flowers’ não esgotou, nem o ‘Hamelin’ dos Artistas Unidos. Todos os outros esgotaram. Satisfaz-nos muito e prova que é uma programação apelativa para públicos diversificados”, explica Mário Moutinho, salientando que, até domingo, alguns espectáculos já se encontram esgotados.

Apesar de ter sido uma edição “mais contida”, o director artístico do festival salienta que a estratégia de “renovação e crescimento” que tem adoptado se mantém. No entanto, tal não acontece ao ritmo que a organização queria. “É à velocidade que é possível. É uma estratégia de crescimento adaptada a uma estratégia de sobrevivência”, considera.

A 31ª edição do FITEI termina domingo, 8 de Junho, com o espectáculo “Orestéia – O Canto do Bode” no Mosteiro S. Bento da Vitória.

“Terminus” proporciona “um encontro com o nada”

Em estreia absoluta no FITEI, “Terminus” invade, esta quinta-feira, o palco do Teatro Helena Sá e Costa. O novo projecto da companhia Assédio – Associação de Ideias Obscuras encontra-se em cena até sexta e é descrito pelo encenador João Cardoso como um “encontro com o nada”, uma viagem pelo “lado obscuro e negro de cada um”.

Três personagens, com diferentes modos de vida, encetam monólogos que se vão entrelaçando e cruzando ao longo da peça. Todas elas têm, no entanto, uma característica em comum. “São personagens que vivem um bocado à margem”, diz o encenador, sendo que essa é a “temática do espectáculo”.

Caminham, então, para o “Terminus”. Uma ex-professora que tenta redimir os erros que cometeu com a filha ao impedir uma antiga aluna de abortar, uma jovem solitária que procura a pessoa ideal e um serial-killer que mata as mulheres com quem dorme e que vendeu a alma ao diabo para ter uma voz que encantasse o mundo.

O encenador espera que a forma como são abordados “temas actuais” como a solidão, a promiscuidade ou o sucesso seja “aliciante” para o espectador. Para João Cardoso, a linguagem característica do irlandês Mark O’Rowe, algures “entre o sublime e o reles, uma espécie de poética de calão”, é uma forma de texto que agrada ao público e o faz “ouvir atentamente”.

O grupo Assédio foi o convidado portuense deste ano pela organização do FITEI. João Cardoso acredita que o convite é “um bom lançamento” para uma “época mais estendida” que a companhia vai ter no Teatro Helena Sá e Costa a partir de Setembro, com a reposição de “Terminus”. Em Outubro, a Assédio estreia “O Concerto de Gigli” no Teatro Carlos Alberto.