João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco de Esquerda (BE), acredita que uma coligação de toda a esquerda será essencial para derrubar, nas próximas eleições autárquicas, a actual coligação PSD/CDS-PP que governa a Câmara do Porto desde 2002.
O dirigente bloquista, que encabeçou a lista do BE à autarquia nas últimas eleições, explicou ao JPN que “se houver um candidato do PS com credibilidade” poderão estar “reunidas todas as condições” para uma coligação.
Teixeira Lopes diz ser “fundamental, neste momento, a esquerda unir-se na Câmara do Porto”, porque esta vive uma “situação excepcional”. “A Câmara do Porto é hoje certamente a câmara do país onde ocorrem mais violações aos direitos sociais, com os despejos ilegais, com a perseguição política a jornalistas ou intelectuais, e com a total ausência de estratégia para a cidade”, critica.
Teixeira Lopes acredita que a aliança da esquerda é fundamental, mas diz que é preciso um debate de ideias dentro da mesma, pois “a união só fará sentido se houver ideias em comum”. O dirigente do BE refere que há “muito trabalho de casa a fazer na esquerda e no próprio BE, porque esta posição é pessoal e não do Bloco”. Por isso mesmo, irá defender este sábado em Lisboa, na reunião da mesa nacional do partido, um entendimento entre todos os partidos de esquerda para as próximas autárquicas no Porto.
PS admite reflectir sobre o tema
Orlando Gaspar, líder da concelhia do PS-Porto, afirmou ao JPN que “ainda é muito cedo para falar deste assunto”, embora declare que é “um caso a ponderar”. “Neste momento o PS, a nível distrital, está a elaborar uma estratégia conjunta das candidaturas ao distrito. Essa questão de se irem discutir agora as coligações só podem ser definidas pelo PS, depois de toda esta estratégia estar definida”, esclareceu.
O presidente da concelhia do PS-Porto acredita que a coligação pode ser possível, mas lembra que “tudo depende da estratégia definida pelo partido, mas também do que o PS prevê para o Porto”, bem como da opinião do candidato socialista, “depois de estudar a situação”.
Orlando Gaspar estima que depois do Verão a decisão já deva ser conhecida.
CDU não fala sobre cenários hipotéticos
O vereador da CDU na Câmara do Porto, Rui Sá, afirmou ao JPN que não vale a pena falar sobre este assunto quando “os responsáveis do PS se opõem terminantemente a qualquer ligação à esquerda”. “Não nos ponham a nós a falar sobre hipóteses, nem sobre casamentos em que um dos noivos, desde já, disse que não está interessado em casar”, disse.
Embora pense que a cidade perde se a Câmara do Porto continuar a ser governada pela coligação PSD/CDS-PP, Rui Sá afirma que tudo fará “para que isso não aconteça” e que a CDU irá apresentar um “projecto alternativo em que a população se reveja”.