A última sondagem da Universidade Católica, divulgada esta quinta-feira (7), aponta para uma vantagem de seis pontos da Aliança Democrática sobre o Partido Socialista. O politólogo António Costa Pinto considera que a grande questão é saber se a direita consegue uma maioria estável sem um acordo com o Chega.

 

A sondagem da Universidade Católica para o jornal “Público” e para a RTP, divulgada esta quinta-feira (7), revelou uma Aliança Democrática (AD) em vantagem nas intenções de voto. Segundo o estudo, a AD conquistaria 34% dos votos, um ponto a mais relativamente à última sondagem da Católica. Já o Partido Socialista (PS), arrecadaria 28% dos votos, tendo subido um ponto percentual, mas mantendo uma diferença de seis pontos que beneficia o partido à direita. 

Em declarações ao JPN, o politólogo António Costa Pinto, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, considera que o “principal ponto de interrogação destas eleições” é determinar se a direita, caso ganhe, consegue assegurar uma “maioria minimamente estável”, sem um acordo ou coligação com o Chega. O professor ainda diz que, segundo as sondagens, é “previsível que a direita, no seu todo, esteja maioritariamente no parlamento“.

Segundo a sondagem da Universidade Católica, o partido de André Ventura mantém-se como a terceira força política, com intenções de voto na ordem dos 16%, menos um ponto percentual relativamente à sondagem anterior. Ainda assim, estes dados representam mais do dobro da tendência de votação comparativamente às últimas legislativas.

Para António Costa Pinto, as eleições anteriores deram uma maioria absoluta ao PS devido à “ameaça da direita radical populista”, o que pode não acontecer desta vez.

O principal desafio destas eleições legislativas em Portugal é o mesmo desafio que tem marcado outras democracias europeias. É saber até que o ponto o centro-direita consegue, basicamente, controlar o crescimento de um partido de direita radical populista, que neste caso é o Chega, ou não, e de uma forma ou de outra ver se é possível uma alternativa à direita, sem a participação ou um acordo com o Chega”, explicou.

A Iniciativa Liberal (IL) registou um desempenho de 6% das preferências dos inquiridos. Em conjunto com a AD e o Chega, a direita conseguiria, no cenário apontado por esta sondagem, uma maioria de 56%. Mas, como as últimas eleições provaram, as sondagens nem sempre acertam. 

O Bloco de Esquerda (BE) e a CDU reúnem 5% dos votos cada um e, para António Costa Pinto, vão ter uma posição “expectável” caso a esquerda ganhe as legislativas: “O Partido Socialista pode perder as eleições, mas continua a ser o partido dominante de centro-esquerda em Portugal. Os dois outros partidos, o Bloco de Esquerda e o PCP, evidentemente que já é expectável que, caso o PS ganhe, façam um acordo parlamentar ou uma coligação. Portanto, à esquerda, nós não temos nada de novo”, acrescenta.

Na sondagem, o Livre reuniu 3% dos votos, o que significaria quase o triplo relativamente a 2022, enquanto o PAN desceu de 2% para 1% nas intenções de votos medidas pela Católica.

O inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1, RTP e Público entre o 28 de fevereiro e 5 de março de 2024. Os inquiridos foram escolhidos a partir de uma lista telefónica, de forma aleatória. As entrevistas foram efetuadas por telefone depois dos inquiridos aceitarem participar e serem informados do objetivo do estudo. Foram obtidos 2.405 inquéritos válidos. A margem de erro máximo é de 2%, com um nível de confiança de 95%.

Distribuição geográfica do inquérito: 33% da região Norte, 22% do Centro, 31% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores.

Editado por Filipa Silva