O JPN entrevistou os líderes distritais das juventudes partidárias e dos grupos de jovens dos oito partidos que estão no universo da Assembleia. Os jovens explicaram quais são as ações do seus partidos em prol dos jovens e destacam a importância dos mais novos na política.

Ter uma juventude partidária ou não ter? Dos oito partidos com assento parlamentar, cinco têm uma estrutura formal dedicada à juventude – PS, PSD, PCP, Chega e PAN –  e três não têm – IL, BE e Livre. Os líderes distritais do Porto falaram com o JPN sobre os jovens do seus partidos e que sentido encontram para a sua ação no contexto do partido a que estão umbilicalmente ligados.

Uma coisa é clara: o enfoque dos grupos nos diferentes partidos são os temas que preocupam os mais jovens. Desde a habitação, passando pelo ensino superior, o primeiro trabalho e o ordenado de entrada, as juventudes partidárias – e os jovens que não estão inseridos numa estrutura – tentam que a sua voz seja ouvida pelos mais velhos.

As redes sociais também emergem como uma forma importante de conectar os mais novos dos partidos com a juventude do lado de fora, na população. Aplicações como Instagram e TikTok são cada vez mais relevantes na hora de transmitir as mensagens dos partidos.

Juventude Socialista: “A JS também influencia e puxa o PS para ir além do que já fez”

A JS participou na tradicional arruada de Santa Catarina. Nádia Neto

A Juventude Socialista é parte do PS desde 1975. Foi criada apenas dois anos depois da fundação do partido. “O nosso objetivo é ser uma representação dos jovens, das suas prioridades e vontades”, diz Rui Teixeira, líder distrital da juventude.

No distrito do Porto, a JS tem perto de 4 mil membros. A nível nacional, o número está na casa dos 30 mil. Uma particularidade, é que os militantes da Juventude Socialista podem escolher não aderir ao partido quando atingem a maioridade. Ou seja, a adesão à Juventude Socialista não vincula, necessariamente, o jovem ao partido. 

Temos uma dinâmica independente do partido, atividades e órgãos próprios. Obviamente, são estruturas irmãs –mais do que uma relação de pai e filho – que, ao longo dos anos, travaram muitas batalhas em conjunto. Mas depois há questões em que a JS tem ido além, digamos assim. Por exemplo, o PS não acompanhou a JS na questão das propinas zero. Também Pedro Nuno Santos, quando foi secretário-geral da Juventude, travou uma luta intensa pela legalização do aborto, uma questão para a qual não havia concordância absoluta no partido. A JS também influencia e puxa o PS para ir além”, explica Rui Teixeira. 

A Juventude Socialista tem três ou quatro atividades nacionais, que juntam os militantes de todo o país. Também há ações por distrito e por concelho. O trabalho de concelhia, explica o líder, é mais “de proximidade” , com associações de estudantes, conselhos municipais de juventude e câmaras municipais. Também há outro tipo de estruturas, como, a dos estudantes socialistas, que reúne militantes desde o ensino básico ao superior para participar e organizar em ações ligadas ao ensino.  

Agora, em tempos de campanha para as legislativas, a JS ajuda na divulgação das propostas do PS. “Falar com os jovens, explicar porque é que acreditamos que o PS é a melhor solução para o país. Acabamos por ter uma campanha mais direcionada para grupos de jovens”, esclarece o jovem. 

“Acho que as juventudes partidárias são muito úteis. Sei que há um conjunto de partidos que não as têm, por acreditarem que os jovens devem ser incluídos no âmbito do partido. E nós não discordamos dessa posição. A JS age sempre para que os jovens sejam incluídos no âmbito do partido”, argumenta Rui Teixeira. “Temos, nos órgãos autárquicos do nosso distrito, mais de 100 jovens eleitos. E essa integração, por parte do Partido Socialista, tem acontecido de forma contínua. Faz todo o sentido da Juventude Socialista existir”, conclui.

Na arruada de Santa Catarina, esta quinta-feira, o JPN falou com alguns jovens membros da JS. Ana Rocha tem 23 anos e faz parte da JS há sete. A militante diz que, em arruadas, as funções principais da juventude são distribuir material e encaminhar as pessoas.

“Já estou em campanha desde o primeiro dia, tem sido muito interessante. Foi muito bom poder falar com pessoas que não concordam connosco, com pessoas que têm experiências de vida que as levam a sentir alguma desconfiança no PS”, conta a jovem  sobre a sua experiência de campanha.

Gabriel Silva tem 27 anos e está na JS há dez. Juntou-se à juventude por revolta face às políticas do governo de Passos Coelho. “Eu e a minha família sentimos muito as consequências desse governo. Depois, apercebi-me que o PS era o partido que mais se aproximava dos meus ideais”, afirma. 

Sobre as ações que realiza com a juventude, Gabriel frisa que o mais importante é que a juventude se envolva na vida política. “Queremos é que os jovens participem ativamente. Não tem que ser obrigatoriamente numa Juventude Partidária”, rematou.

Juventude Social Democrata: “De jovens, para jovens” 

Grupo da Juventude da coligação AD. Nádia Neto

Desde que começou a campanha para as legislativas, a agenda da Juventude Social Democrata (JSD) tem sido de “um ritmo alucinante”, diz Bruno Bessa ao JPN, num contacto com a população organizado pelos jovens, na Trofa. 

“Viemos aqui para uma ação de rua, porque como a visita [do Miguel Guimarães] é institucional, não é preciso estar 40 pessoas lá. Temos uma campanha autónoma que se vai cruzando com a campanha do partido”, explica. 

Bruno Bessa é o presidente distrital da JSD no Porto. O jovem admite que “é difícil acompanhar aquilo que se vai passar na campanha a nível nacional”, porque andam “sempre de um lado para o outro”

“Há 18 concelhos no distrito. E se temos jovens que querem participar na campanha, temos que fazer esse esforço”, diz o militante do PSD, para acrescentar numa referência a Alexandre Galiza, diretor de campanha da JSD: “ele, às vezes, faz 60 quilómetros para apanhar a malta para participar na campanha”.

A JSD tem, aproximadamente, 11 mil jovens filiados só no distrito do Porto, a maior filial da juventude partidária. Bruno Bessa explica que a JSD é uma estrutura autónoma, apesar de estarem ligados do ponto de vista ideológico ao PSD. “Temos uma voz própria, defendemos causas muito ligadas à juventude, como a habitação, os rendimentos e o ambiente. Há uma democracia interna dentro da JSD. Para o PSD, é importante ter uma estrutura autónoma, porque acaba por ser uma franja da sociedade que diz muito”, defende.

No âmbito das ações, a juventude tenta passar por todos os pontos que “possam ter jovens que já exerçam o seu direito ao voto e que possam participar na mudança”, como universidades, politécnicos e escolas profissionais. “De jovens, para jovens. A receptividade tem sido muito boa”, insiste Bruno Bessa.

“Acredito que, com a equipa que tenho, consegui imprimir uma dinâmica na JSD que fez perceber ao partido que somos uma força motriz para a mudança. Este ano, tivemos mais de 20 convites para debates”, argumenta o líder da juventude, quando questionado sobre a relevância das juventudes partidárias atualmente. 

“Agora, reconheço que hoje há muitas formas de participar, de os jovens darem o seu contributo a causas políticas. Há algum decréscimo de participação, isso é verdade”, analisa. Admitindo que “o tempo é outro” e que a JSD “não pode fazer política da mesma forma que fazia política há 20 anos”, o jovem dá a receita: “manter a alegria e o espírito tradicional das arruadas e de juventude, mas depois também investimos muito naquilo que é comunicar nas redes sociais para podermos chegar com mensagens mais curtas e diretas que interessem e impactem aos jovens”.

O líder da juventude também contradiz a ideia de que os jovens não estão interessados na política: “[Nos debates], foi muito interessante perceber a vontade dos jovens em querer perceber quais eram os programas dos partidos e as propostas para esta geração. E isso também nos diz que realmente os jovens querem uma resposta por parte dos políticos”.

Ana Maria tem 17 anos, vai fazer 18 daqui a duas semanas, e já faz parte da Juventude Social Democrata. Esteve presente no contacto com a população feito na Trofa. “Estou a gostar. Está um bocadinho difícil gerir a escola com isto, não vou mentir. Não tenho faltado às aulas, estas ações são de tarde ou de noite, porque muito pessoal só consegue depois do trabalho”, conta. 

Ana Maria diz que “sempre esteve interessada na política”. “Sempre quis entrar por iniciativa própria e por acreditar na mudança faz sentido, ser parte da JSD”, considerou.

Iniciativa Liberal: “Gostamos de dizer que todos somos jovens em espírito” 

A IL levou um autocarro por várias universidades do país como ação de campanha. Natalia Vásquez

A Iniciativa Liberal não tem uma juventude formal, mas o partido é conformado por muitos jovens. Pedro Schuller faz parte do partido desde 2019. 

“Para nós, é um pouco difícil definir o que é um jovem. Acaba aos 30, aos 25, aos 35? Neste momento, [no partido] vamos em mais de mil pessoas com menos de 25 anos e mais de 3000 com menos de 35. Estamos a falar de um partido maioritariamente constituído por jovens”

Ter um partido com uma presença considerável da juventude leva a que, segundo Pedro Schuller, a IL trate “como adultos” os jovens desde que fazem 18 anos e lhes permita participar “nos mais altos níveis” do partido. Schuller cita o seu próprio exemplo ao dizer que, com 28 anos, está na comissão executiva com o pelouro da Juventude. 

“Não faria sentido que um partido virado para os jovens os separasse da discussão de todos os outros temas. Não temos uma estrutura executiva da juventude, temos uma estrutura dedicada à juventude, da mesma forma que há uma para a política local, europeia, etc.”, afirma.

Na ação de campanha que o JPN teve a oportunidade de acompanhar, o grupo de jovens da IL estacionou um autocarro do partido à frente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Os jovens militantes acompanhados pela  música saída dos megafones no segundo piso do autocarro distribuem copos de cerveja e encorajaram os estudantes a seguir a IL no Instagram.

“Tivemos esta ideia de irmos ao encontro de pessoas com o nosso autocarro. Portanto, estamos aqui com música, as pessoas podem passar aqui um bom bocado, trazer os amigos, conversar connosco num ambiente tranquilo. E, ao mesmo tempo, nós compreendemos aquilo que são as prioridades deles, compreendemos aquilo que são as preocupações, aquilo que os faz votar no partido A ou no partido B”, explica Pedro Schuller. 

O autocarro, sob o lema “liberdade sobre rodas”, visitou universidades em Leiria, Lisboa, Porto, Trás-os-Montes e Vila Real. O veículo tem as propostas e ideias resumidas do partido, nas laterais. Na parte de cima do autocarro, há uma mesa que é usada para ter reuniões entre os jovens.

O “liberdade sobre rodas” está alinhado com a ideia de Pedro Schuller de que, através da juventude, é importante “criar vínculos” e que “as pessoas se sintam bem, se deem bem e se divirtam” para criar uma “noção de comunidade” e um “sentimento de pertença”

“Na IL, gostamos de dizer que todos somos jovens em espírito”, argumenta. “Os jovens têm um bocadinho mais de energia, de frescura, de tempo disponível. Mas há pessoas mais velhas que também têm muito tempo disponível e não vão à arruadas, mas contribuem escrevendo, com contactos”, acrescenta.

A aposta da IL também está passa pelas redes sociais. O grupo de jovens do partido de Rui Rocha tenta usar formatos curtos “mas não superficiais” para apelar ao eleitorado mais novo. “Tem sido um fator importante na nossa força. Temos focado em temas fundamentais na sociedade, não podemos ir atrás de ‘modas virais’”, remata Pedro Schuller.

Bloco de Esquerda: “Os jovens estão sim no centro da política, estão sim no centro da decisão política.”

Jovens do Bloco em ação de campanha.

O grupo de trabalho interno dedicado aos jovens no Bloco de Esquerda tem um nome auto-explicativo, são os Jovens do Bloco. No entanto, este núcleo não é uma juventude partidária e não está separada do partido.

“Somos militantes, tal e qual como qualquer outro militante do partido. Temos os mesmos direitos, deveres e o mesmo papel. Cada um dos jovens tem tanta relevância como qualquer outro militante. O grupo de jovens dentro do BE é mais dedicado a lutar por causas mais ligadas aos jovens, as causas do movimento estudantil e dos trabalhadores jovens. No entanto, cada um de nós consegue ter outros papéis e lutas dentro do partido”, esclarece Duarte Santos, o líder do grupo de jovens.  

Quando o Bloco de Esquerda foi formado em 1999, tomou-se a decisão de que não haveria uma juventude partidária. Duarte Santos explica que no partido “se entendia que a juventude acabava por promover um bocado o acantonamento dos jovens, porque separavam os mais novos do partido principal”. “Nunca concordamos com isso, os jovens estão sim no centro da política, da decisão política. Não consigo entender grandes vantagens em juventudes partidárias”, observa. 

As ações dos jovens do BE variam muito de região para região. No Porto, os jovens do Bloco realizam convívios, todos os meses, para conversar sobre diversos temas, ligados à política ou não. Os movimentos sociais e as manifestações também são um ponto importante para o grupo distrital do Porto. Já a nível nacional, os jovens do Bloco organizam dois grandes eventos: um acampamento de verão e o “em conformação”, um evento para discutir temas políticos ligados à esquerda.

Duarte Santos diz que a participação dos jovens na campanha é positiva e necessária: “Toda a gente se interessa por política. É preciso contrariar aquela ideia que vemos nas redes sociais e na televisão, porque todos os jovens, independentemente de não lhe chamarem política, têm de se interessar e interessam-se pelas suas condições de vida e pelos seus direitos, por ter uma vida melhor. E se muitos jovens ainda não se sentiram incentivados e motivados para se aproximarem e se interessarem pela política partidária, muito provavelmente isso é culpa dos grandes partidos do que propriamente dos jovens”, concluiu.

Juventude Chega: “A juventude dá uma força diferente’”

Juventude Chega em reunião. Juventude Chega

O Chega aprovou a sua juventude partidária em 2021, sendo a segunda juventude partidária mais recente. Pedro Faria, o líder distrital do Porto, faz parte desta estrutura desde a sua fundação: “Éramos cinco e ainda ficamos com esse número por um tempo. Depois fomos crescendo”, conta ao JPN. 

Atualmente, a Juventude Chega tem entre 80 e 90 pessoas dentro do distrito do Porto. Pedro Faria diz que nesta campanha para as legislativas a estrutura viu um acréscimo de jovens, mas que estes ainda não foram adicionados às estruturas formais.

“Aceitamos pessoas entre os 15 e os 30 anos. Se tiver mais de 18 anos e for militante, pode subscrever diretamente no nosso sítio web e terá as cotas pagas até aos 26 anos”, explica o jovem.  

Sobre a importância dos jovens dentro do partido, Pedro Faria diz que “a juventude dá uma força e uma realidade diferente aos órgãos dos ditos ‘adultos’”. “Tentamos trabalhar de uma forma autónoma face aos órgãos dos adultos e pensar sempre numa coligação com órgãos distritais e regionais, concelhios, etc.”, afirma.  

Quanto às ações, a Juventude Chega aposta mais em debates e eventos em universidades e escolas. “Aliás, os jovens organizam mais eventos do que os adultos”, complementa o militante.

A Juventude Chega também aposta nas redes sociais, tanto ao nível nacional como distrital. O líder distrital frisa a independência do grupo: “Podemos fazer partilhas que vêm da juventude nacional, mas também temos autonomia e geralmente as publicações são todas nossas. Por exemplo, na nossa página distrital do Porto, são mais focados os assuntos desta área”, exemplifica.

Juventude Comunista Portuguesa: “É o contrário da ideia, que tentam passar, que o partido é velho”

A JCP numa ação de campanha na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Leonor Couto

O PCP é o partido que tem a segunda juventude partidária mais antiga em Portugal, logo a seguir à JS. A JCP – Juventude Comunista Portuguesa – foi fundada em 1979 e mantém-se até hoje. João Luís Silva é o líder da juventude distrital do Porto e está determinado em manter a estrutura viva. 

Ao JPN, o militante conta que, segundo o balanço feito no último congresso da JCP, a juventude comunista tinha 7.500 militantes – do total, 48% mulheres, 52% homens; 34% eram estudantes do ensino secundário, 32% eram estudantes do ensino superior, 29% eram jovens trabalhadores e 5% estavam em ensino profissional. 

Os números da JCP continuaram a aumentar depois do último congresso da JCP, datado de 2021. O líder da juventude ainda conta que, em 2020, o PCP lançou uma campanha de recrutamento que durou até 2022. Neste quadro, o partido recrutou 2750 militantes, dos quais 40% tinham menos de 30 anos. O partido comunista considera que os militantes são jovens até aos 35 anos. 

“Estes números são representativos, é exemplo do crescimento dos mais novos no partido. É o contrário da ideia, que tentam passar, que o partido comunista é velho e está a morrer”, diz o militante. O próximo balanço do número de militantes da JCP será feito no próximo congresso da juventude, que ainda não tem data marcada.

Já sobre as funções da juventude, João Luís Silva diz que o grupo trata principalmente da “realidade da juventude”. O militante afirma que a estrutura mantém um certo grau de autonomia na realização de ações que depois se inserem “naturalmente, naquilo que é o ‘grande’ partido.”

Sobre as ações em si, estão focadas “nos problemas concretos do espaço em que [cada militante] intervém; agregar os jovens que pretendem transformar aquilo que é a generalidade na sua escola, faculdade e local de trabalho”.

Juventude PAN: “O partido não nos coloca à parte”

Candidatos da Juventude PAN com Inês Sousa Real. Juventude PAN

A Juventude PAN, aprovada no último congresso do partido em 2023, é a juventude partidária mais recente dentro do panorama político. Rodrigo Reis, líder distrital do Porto da estrutura recém-criada, conta ao JPN que ainda não têm órgãos administrativos eleitos e, portanto, não tem números oficiais de militantes. 

“Neste momento, temos um grupo de trabalho que ficou com a missão de fazer o regulamento: aquilo que depois permite à juventude ter um congresso, as suas próprias regras, etc. Esse grupo de trabalho é de cinco pessoas”, explica o líder da juventude. Rodrigo Reis ainda diz que o PAN é atrativo para os jovens porque “o partido não nos coloca à parte”.

Já sobre as ações e atividades que realizam, a juventude do partido de Inês Sousa Real está, neste momento, “focado nas eleições” e só depois definirá atividades e eventos dedicados aos jovens. 

“Agora é que vamos ter a autonomia necessária para avançar com mais atividades e eventos, antes estávamos um pouco dependentes do partido”, diz o militante.

Livre: “Pôr os jovens nas redes de adultos a falar dos temas que eles queiram falar”

O Livre não tem juventude formal. Lara Castro

O Livre não tem juventude partidária. Francisco Paupério, terceiro candidato pelo círculo do Porto, tem 28 anos e explica que o partido nunca teve a intenção de criar uma estrutura formal.

“No início, no panorama português, percebemos que o facto de haver uma estrutura formal não tornava garantida a participação dos jovens. Nós pensamos em não ter um mecanismo formal, que depois acarreta vantagens e desvantagens, e logo integrar os jovens no partido, em pé de igualdade política e na parte da partilha de ideias. Pôr os jovens nas redes de adultos a falar dos temas que eles queiram falar”, argumenta o candidato. 

Francisco Paupério diz que um exemplo de inclusão da juventude no partido é o cabeça de lista pelo Porto, Jorge Pinto, que tem 35 anos. No entanto, admite que também há desvantagens em não ter uma juventude. 

“Estamos a sentir, em relação aos projetos europeus para jovens. Não podemos aceder porque, realmente, ali é precisa uma formalização”, conta. “Mas estamos a ver como podemos aderir sem ter uma juventude tão explícita no partido”, remata. 

Outra desvantagem de não ter uma juventude, segundo o militante do Livre, é a eventual perda de presença nos espaços da juventude, como universidades. “Claro que isto também se prende ao facto de o partido ainda ser relativamente pequeno, então, não conseguimos ir a todo lado. Quando temos mais jovens, conseguimos integrar melhor os que entram e chegar mais para fora do partido”, expande Francisco Paupério. 

Partido Livre em ação de campanha. Lara Castro

O candidato também admite que é importante saber o número de jovens no partido em dois sentidos: para aferir a sustentabilidade do partido; e para a aproximação ao eleitor típico do partido. “Realmente, a faixa etária jovem está mais presente na rua, mobiliza mais”, complementa. 

O Livre, atualmente, não tem campanhas exclusivamente dirigidas aos jovens, mas as redes sociais – sempre elas -, jogam aqui um papel enquanto ferramenta crucial para alcançar os jovens. “O máximo que podemos fazer nesse sentido é apostar no digital. Estamos a crescer muito no TikTok, uma aposta que é mais ou menos rápida, mas até agora é a nossa única aposta direta ou exclusiva para os jovens”, diz o militante.  

Editado por Filipa Silva

Atualizado às 11h07 do dia 12 de março.  De modo diferente ao que se referia, a Iniciativa Liberal não tem um grupo de jovens, nem grupos distritais.