Luís Valente de Oliveira e Artur Santos Silva fazem um balanço muito positivo do primeiro ano de vida do programa que idealizaram para aproximar as empresas da gestão e da vida das escolas do concelho do Porto e combater o abandono e insucesso escolares.

“Há seguramente muito a fazer, mas o que foi feito é muito. Criaram-se redes entre dois mundos que habitualmente estavam separadas. Elas têm que ser aprofundadas”, declarou Valente de Oliveira, ex-ministro em vários governos PSD, num balanço público do programa, levado a cabo pela Câmara do Porto, esta terça-feira. “Nunca pensei que se pudesse fazer tanto. Acho extraordinário o que está realizado”, referiu Artur Santos Silva, presidente do BPI.

Santos Silva assumiu a ambição de ver o Porto “dentro de cinco anos” com as melhores escolas do país. Destacou a importância dos “tutores” (30 alunos do ensino superior que se voluntariaram para acompanhar o percurso de um estudante do ensino básico e secundário) e sugeriu que este trabalho possa ser feito também por reformados. Valente de Oliveira apontou um lado “menos feliz”: o envolvimento dos pais, do qual “só duas escolas falaram” durante o balanço de actividades. “Enquanto eles não forem cúmplices não teremos sucesso”, vaticinou.

Rastreios, mini-estágios, prémios

O programa envolveu vários projectos comuns aos agrupamentos escolares, como a consultoria de gestão prestada pelas empresas (cada um dos 17 agrupamentos foi “apadrinhado” por uma empresa da região Norte), incentivos ao empreendedorismo, a divulgação de novos modelos de referência (10 personalidades, como Luís Portela e Belmiro de Azevedo, presidentes da Bial e Sonae, respectivamente), a luta contra o abandono escolar e a distinção do mérito escolar.

Na escola EB 2,3 Nicolau Nasoni, por exemplo, a Ibersol ajudou a promover hábitos de alimentação saudáveis (ainda este ano vai apoiar na gestão do bufete escolar) e deu um “mini-estágio” a alunos em restaurantes. Voluntários da Sonae andaram a pintar parte da escola do Cerco. Os alunos desta zona carenciada do Porto tiveram acesso a rastreios de saúde. No agrupamento Eugénio de Andrade, a Porto Editora apoiou o jornal escolar e apostou na rentabilização do ginásio.

Para o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, o “mais difícil” – o arranque – está feito. “Estamos no bom caminho. Este optimismo vai ser bem maior dentro de um ou dois anos”, disse o autarca, que apreciou particularmente a divulgação de novos modelos de referência (“uma ideia fantástica – o Cristiano Ronaldo não tem que ser o modelo para todos”) e um projecto de educação financeira, destinado a evitar o abuso no recurso ao crédito.

Os mentores do projecto apelaram à autarquia para que divulgue o que está a ser feito junto dos portuenses, mas também no resto do país.