A ideia é ser diferente. Há quem o seja aos 81 anos, a idade do cliente mais velho da Spider Tattoo, no Porto. E há quem comece logo aos 14, a idade mínima que os profissionais aceitam para clientes (com autorização parental), a decorar o corpo. Uma arte que é cada vez mais comum e aceite.

Evolução também nas escolhas

“Normalmente, as mulheres escolhiam desenhos mais delicados. Fadas, borboletas, estrelinhas, coisas desse género, mas hoje em dia também estão a caprichar no tamanho e já deixaram de fazer só isso. Os homens é o oposto, é tudo muito agressivo, tatuagens japonesas como carpas e dragões”, diz Kiko, da Spider Tattoos. A imagem mais estranha que já lhe pediram foi uma linha, do dedo indicador até à orelha.

Seja para retratar a vida na pele, seja apenas para embelezar o físico, os estúdios portugueses estão a receber muitas visitas. Os tabus e preconceitos estão a desvanecer-se e isso reflecte-se nas agendas das lojas especializadas.

Pintar o corpo já não é exclusivo de presidiários, militares ou marinheiros. Em Portugal, vemos pessoas das mais variadas idades e de ambos os sexos a ostentar orgulhosamente qualquer desenho na pele. De pequenas ou grandes dimensões, a tatuagem tem conquistado fãs a todos os níveis. Os preços variam bastante, podendo ir dos 40 até aos 1.500 euros.

Ao entrar na Spider Tattoos, na Boavista, ou na Tattoo Power, de Matosinhos, o que mais salta à vista é a limpeza e organização dos espaços.

São duas das lojas mais concorridas no Norte. A Spider funciona num espaço amplo, com decoração simples e original. Há três gabinetes na loja: um dedicado aos piercings e os outros dois para a arte corporal mais popular do mundo.

Em Matosinhos, encontramos a Tattoo Power no primeiro andar de um prédio. Espaço não é o que mais há – é apenas um T0 que serve de estúdio – mas a qualidade do trabalho está patente na decoração das paredes.

Portugueses mais receptivos?

Kiko, tatuador da Spider Tattoos, que já perdeu a conta aos desenhos que tem no corpo, considera que Portugal aceita cada vez melhor esta arte e está a pôr os preconceitos de lado. “Agora vêem-se pessoas cheias de tatuagens a trabalhar em locais que eu nem pensava que aceitassem tatuados”, constata. “Hoje em dia qualquer pessoa faz uma tatuagem. Tenho pessoas de 70 anos a fazerem tatuagens, o tabu já lá vai. O meu cliente mais velho até tem mais idade, tem 81”.

Joaquim Cruz, da Tattoo Power, não está tão convencido da abertura dos portugueses ao desenho corporal.

“Os preconceitos estão presentes em cada um. É difícil generalizar se Portugal aceita. Está muito melhor que há uns anos, sem dúvida. Já há empresas que não se importam que os funcionários usem piercings e tatuagens, mas há outras que exigem que não haja tatuagens à vista”, diz.

No entanto, também nota na sua agenda de marcações que a situação se tem alterado para melhor. Os seus clientes estão a desinibir-se e “já não fazem uma coisinha pequenina, escondida – fazem coisas grandes logo na primeira tatuagem”.