Luís Ferreira Alves, Olívia da Silva e Paulo Pimenta são os profissionais responsáveis pela exposição de fotografia “3 Formas de Ver”, uma forma de abrir o Hospital de São João “à cidade e à sociedade”, diz António Ferreira, Presidente do Conselho de Administração.

“Algumas imagens chocaram, algumas entraram em conflito com os nossos preconceitos, mas são a construção do lado essencial da criação artística que é a liberdade”, acrescenta António Ferreira.

As fotografias de Luís Ferreira Alves retratam o Hospital enquanto edifício e espaço arquitectónico, onde também funciona uma das Faculdades de Medicina da Universidade do Porto.

O lado humano

Já Olívia da Silva e Paulo Pimenta exploram o lado humano. Professora do Instituto Politécnico do Porto, a fotógrafa representou os profissionais de Obstetrícia do Hospital, através de um paralelismo entre o quadro de D. João VI, que figura nos retratos, e as pessoas que o compõem.

“Procurei esta dualidade com a História em que as pessoas ficavam marcadas na pintura como individualidades, como o caso dos reis portugueses. E aqui encontramos uma ligação com as pessoas que passam o quotidiano no hospital”, justifica a fotógrafa.

Mas o trabalho de Olívia da Silva não foi simples: “As equipas estão sempre a mudar, as enfermeiras, os médicos, etc. E cada vez que entrava num bloco operatório ou na parte de partos, acabava sempre por ter uma nova equipa e tinha de explicar tudo outra vez”, lamenta.

“À espera de qualquer coisa”

Paulo Pimenta escolheu a “espera” como tema das suas fotografias. A justificação é simples: “Basicamente passamos a vida sempre à espera de qualquer coisa”. A única diferença é que, “desta vez”, o fotógrafo estava “com uma máquina a fazer as várias etapas da espera”.

O repórter fotográfico do jornal Público dividiu o tema em quatro fases: a espera para entrar, para o nascimento, para a operação e no pós-operatório. “Depois, o trabalho foi feito pelas vias possíveis num hospital: ou a espera de morrer, ou a espera de levantar o corpo, ou a espera de voltar à vida normal”, explica.

“Por isso é que terminei com uma imagem exterior de alguém que pode estar a voltar para a sua vida normal ou que partiu deste mundo e que está ali como um fantasma, uma alma”, explica Paulo Pimenta, em jeito de conclusão.

O fotojornalista traça um balanço positivo desta experiência.”Estamos a lidar com doentes, com pessoas que estão de certa maneira fracas, sempre à espera de algo. Há um lado muito humano”, diz.

A exposição “3 Formas de Ver” insere-se nas comemorações do 50ª aniversário do Hospital de São João e está em exibição no Centro Português de Fotografia até 15 de Março.