Previa-se uma luta a dois, mas, no final, “Quem quer ser Bilionário” levou a melhor. Com oito estatuetas conquistadas (em 10 nomeações), o filme de Danny Boyle foi o grande vencedor da cerimónia de entrega dos Óscares 2009, realizada esta madrugada (em Portugal).

Um verdadeiro espectáculo. Foi a estratégia usada pela Academia para atrair mais audiências: música e dança, com um apresentador multifacetado. Hugh Jackman surpreendeu com um início de cerimónia inesperado, num solo musical que depois contou com a participação de Anne Hathaway. A escolha para apresentador do actor australiano justificou-se, afastando as dúvidas que alguns levantaram.

A primeira estatueta a ser entregue foi a de Melhor Actriz Secundária. Com pompa, um grupo de cinco actrizes já galardoadas descreveu o trabalho de cada uma das nomeadas num momento de emoções ao rubro. O Óscar acabou por ir para Penélope Cruz, bastante emocionada.

Durante a cerimónia foram mostradas montagens com os filmes do ano que passou, da acção ao romance. Houve momentos sublimes, como Ben Stiller na entrega de um dos prémios (a imitar Joaquin Phoenix) ou o medley de honra aos musicais. A Hugh Jackman juntou-se Beyonce Knowles e os casais de “High School Music” e “Mamma Mia!”, num número com muitos bailarinos e cor. Destaque ainda para a homenagem aos membros do cinema que faleceram no passado ano, com Queen Latifah a cantar e uma ovação quando surgiu Paul Newman no ecrã.

Mas o momento da noite foi a atribuição do Óscar de Melhor Actor Secundário a Heath Ledger. A comoção tomou conta do Kodak Theatre quando os pais e a irmã de Heath Ledger foram ao palco receber o Óscar na vez do falecido actor. Este foi o segundo Óscar póstumo entregue pela Academia.

Os vencedores

Numa noite sem grandes surpresas, o grande vencedor da noite foi, obviamente, “Quem quer ser bilionário?”. Entre os vários prémios conquistados pelo filme de Danny Boyle, destacam-se os de Melhor Filme, Realizador e Argumento Adaptado.

“Milk”, apesar de só ter vencido duas das oito categorias em que estava nomeado, pode ser incluído no lote dos vencedores. As vitórias de Sean Penn como Melhor Actor e de Dustin Lance Black pelo Melhor Argumento Original propiciaram os dois discursos mais políticos da noite, a favor da causa gay.

Kate Winslet venceu o Óscar de Melhor Actriz por “The Reader”, protagonizando um dos discursos mais emocionados da noite. Mais uma vez, e como em todos os Óscares de interpretações, a apresentação coube a um conjunto de actrizes já premiadas, das quais se destacavam Sophia Loren e Shirley MacLaine. No masculino, sobressaíam Sir Ben Kingsley, Robert DeNiro e Michael Douglas.

Sem surpresas, “Wall-E”arrecadou o Óscar para Melhor Filme de Animação. Ainda na área da animação, “La maison en petit cubes”, que tinha ganho o Grande Prémio do Júri no Cinanima, conquistou o Óscar para melhor filme curto de animação.

O vencedor absoluto, e a maior surpresa da noite, foi “Departures”, o filme japonês que conquistou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. “Man on Wire” levou para casa o Óscar de Melhor Documentário.

Os perdedores

Tal foi o domínio de “Quem quer ser bilionário?” que não foram poucos os filmes que apenas se ficaram pela nomeação: “A troca”, “A dúvida”, “Frost/Nixon”, “Revolutionary Road” ou “The Wrestler”. No entanto, o perdedor da noite foi “O estranho caso de Benjamin Button”, que partia com o maior número de nomeações. O filme de David Fincher, que no início da cerimónia parecia bem encaminhado, apenas conquistou três estatuetas douradas e em categorias técnicas.

“Valsa com Bashir”, apontado como favorito ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, e mesmo “A Turma”, também se incluem na lista dos perdedores. Mickey Rourke, apesar de não ter ganho, viu o seu “renascimento” para o cinema atestado por Sir Ben Kingsley e no próprio discurso de agradecimento de Penn.

Numa cerimónia marcada pela diferença em relação a anos anteriores, não se pode dizer que as surpresas foram muitas. Dos Óscares deste ano fica a imagem do final, com grande parte do elenco de “Quem quer ser bilionário?” no palco. Para o ano há mais…