Na semana em que comemora 80 anos, a Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) está a desenvolver um conjunto de iniciativas para assinalar a data.

Aproveitando a proximidade do Dia Internacional da Mulher, a FFUPFFUP organizou um workshop sobre cancro no sexo feminino. Uma sessão que contou com as intervenções do coordenador do grupo de Oncologia Molecular do Instituto Português de Oncologia (IPO), Rui Medeiros, e da epidemiologista, Maria José Bento.

Do norte ao sul de Portugal, os riscos dos cancros da mama e do colo do útero vão sendo diferentes. A região Norte é a que apresenta um nível mais baixo de morte por cancro da mama. A nível europeu, embora a taxa tenha vindo a diminuir, são os países nórdicos os que registam maiores índices de mortalidade.

“O risco de morrer está a diminuir tanto no cancro da mama como no cancro do colo do útero. O que nós sabemos é que, no cancro da mama, se o rastreio for alargado ao resto da região Norte, o risco de morrer ainda vai diminuir mais”, afirma Maria José Bento, que debruçou a sua palestra ao tema “Epidemiologia e Rastreio do Cancro da Mama”.

Cancro no sexo feminino em números:

– O cancro do colo do útero é a segunda maior causa de morte (a seguir ao cancro da mama) entre as mulheres jovens na Europa;
– O cancro da mama é o que tem maior taxa de incidência em Portugal;
– 1 em cada 11 mulheres portuguesas irá ter cancro da mama;
– 90% dos cancros da mama são curáveis se forem detectados a tempo.

“Ainda há muito receio”

Quanto maior for o nível sócio-económico, maior é o risco de cancro. E isto acontece porque se tem registado a tendência das mulheres optarem por ter filhos cada vez mais tarde. O consumo exagerado de álcool é ainda outro factor de risco. A prevenção passa por um auto-exame, ou seja, a apalpação, que deve ser feita uma vez por mês e, preferencialmente, uma semana depois da menstruação, e também pelo exame clínico (mamografia ou ecografia).

O tabaco e a actividade sexual precoce podem acelerar o processo de desenvolvimento de um cancro uterino. De acordo com Rui Medeiros, “nem todos os casos com HPV (xxx) de alto risco desenvolvem cancro”. Por outro lado, ainda nenhum estudo provou que o cancro do colo do útero se transmite durante a maternidade ao filho.

Para Maria José Bento, o interesse e a preocupação são cada vez maiores. “Eu penso que já não há muito desconhecimento em relação a isto, mas ainda há muito receio”, esclarece. Através dos rastreios populacionais através de uma carta, enviada para casa, com convite personalizado, consegue-se chegar a toda a população, mesmo às mulheres que nunca fizeram qualquer exame.

“Há vontade de ter informação sobre estes assuntos”, salienta a oradora, em alusão, também, à aos cerca de sessenta estudantes que estiverem presentes no workshop.

Até sexta-feira, a AEFFUP vai organizar mais actividades para que esta data não passe em branco. Nessa noite, está marcado um jantar de aniversário para encerrar as comemorações dos 80 anos da associação.