Fundador e dinamizador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge apresentou, sexta-feira, em Gaia, o livro com o mesmo título do grupo que criou. A obra “Clube dos Pensadores” é uma colectânea de todas as iniciativas que o projecto realizou ao longo dos últimos três anos: de debates, programas de rádio e de televisão, artigos de opinião e até um blogue.

“O livro não surge por presunção ou convencimento. É mais uma forma de chegar às pessoas”, diz o autor, salientando a dificuldade que é passar mensagens para todo o país. “Eu estou no Porto a falar para o país e é muito difícil [porque] tudo se passa em Lisboa”, lamenta.

Joaquim Jorge salienta que o blogue tem sido uma arma fundamental para facilitar o contacto com as pessoas. “O Clube dos Pensadores tem uma voz activa na sociedade portuguesa. O blogue tem-me ajudado a difundir as ideias para milhares de pessoas”, afirma.

O “amigo” Santana Lopes

O prefácio do livro é assinado por Pedro Santana Lopes. “Um lutador, incómodo, inteligente, perspicaz, controverso, individualista, mas amigo”, justifica Joaquim Jorge.

Durante a apresentação do livro, Santana Lopes teceu vários elogios às iniciativas do Clube dos Pensadores e ao próprio Joaquim Jorge. “Sinto-me muito bem aqui porque isto é o estilo de regime, de sistema político com o qual sonhamos quando, há quase 35 anos, ouvíamos dizer que estava a chegar a liberdade”, confessou, deixando um aviso ao anfitrião. “Há uma coisa que nenhum de nós lhe perdoa: é que o Clube dos Pensadores não continue a ser aquilo que é”, disse.

Joaquim Jorge e a Câmara de Lisboa

Sem querer falar nas autárquicas, Santana Lopes confessou ao JPN que já pensou convidar Joaquim Jorge para um cargo na Câmara de Lisboa. “Somos colegas de percurso pela justiça e pela liberdade”, justificou, alertando, no entanto, que só pensará “nos convites” que irá fazer “lá mais para o Verão”.

Em declarações ao JPN, Santana Lopes salienta que não foi apenas como amigo que escreveu o prefácio do livro, mas “como pessoa que tem admiração pelo papel que Joaquim Jorge tem desempenhado” enquanto fundador de “um movimento cívico com um papel invejável”.

O candidato à Câmara de Lisboa está ciente do papel activo que o clube desempenha na sociedade portuguesa, mas espera que cada vez mais tenha uma voz forte. “Todos os que cá vimos ajudamos a que assim seja, [mas] espero que venham muitos mais”, afirma Santana Lopes.

“Homenagem a Joaquim Jorge”

O dirigente do PCP-MRPP e candidato à Presidência da República em 2001 e 2006, Garcia Pereira, também marcou presença na sessão. O líder partidário não deixou de tecer elogios ao Clube dos Pensadores, que classifica como uma “arma de criação maciça”, um “espaço de liberdade e de responsabilidade, por parte de um conjunto de pessoas que se preocupa com o futuro do país.”

Lamenta, no entanto, que o clube não tenha ainda uma voz activa muito forte. “Vivemos numa sociedade em que a lógica não é muito favorável à existência de um pensamento livre”, esclarece Garcia Pereira.

Também Narciso Miranda destacou, em declarações ao JPN, o papel do Clube dos Pensadores enquanto espaço, onde “as pessoas se sentem bem a fazer contraditório, a fazer cidadania”.