Mais de dez anos após a sua fundação, o “24 Horas” vai passar a ser publicado como revista diária ainda este mês. Promover o aumento das vendas em banca e da qualidade jornalística são as justificações avançadas para a mudança de formato, solução que, apesar de tudo, não reúne consenso entre os vários responsáveis de quiosques do Porto ouvidos pelo JPN.

“A minha perspectiva é que as pessoas não gostam da revista. Preferiam que fosse na mesma um jornal”, explica José Carlos Mendes. “Nas primeiras semanas em que o jornal passou a revista aos fins de semana (ver caixa) , as pessoas perguntavam: Onde está o jornal?”, explica o comerciante, antes de deixar o alerta: “geralmente as pessoas que compram jornais nem sempre compram revistas”.

Jornal em mudança

As mudanças no jornal “24 horas” não constituem uma novidade. Já em 2005, o diário fundado por José Rocha Vieira tinha convertido a sua edição de sábado em formato revista. Em 2007 o jornal sofreu alterações editoriais , passando a apostar mais em notícias do cidadão. No entanto, desde Agosto de 2008 (média de 44.351 jornais vendidos) que o diário tem vindo a perder vendas, tendo Novembro e Dezembro registado médias de vendas de 35.626 e 29.285, respectivamente”.

Proprietário de um quiosque na Rua de Cedofeita, Joaquim Costa acrescenta que, ao fim-de-semana , “algumas pessoas estranham e até dizem:”Ah Eu quero é o ’24 Horas'”.

Indiscutível parece ser a quebra acentuada das vendas do jornal nos últimos tempos. “Não são só os jornais que têm descido as vendas, é tudo. Mas o ’24 Horas’, mesmo com os copos que eles agora oferecem ao fim de semana , não teve a aceitação que eu pensava”, confessa Rosa Pereira. Para a comerciante, “também depende muito de quem passe, das capas, das mentiras…”.

Manuel Vieira, da tabacaria “Vieira” confirma que a descida das vendas do jornal 24 horas “já é uma realidade longínqua”. A razão “está nos gratuitos”, acrescenta o livreiro portuense.

“Neste momento tudo está em descida. Mas o ’24 horas’ tem-se mantido mais ou menos. Depende muito da capa.Há semanas em que vai todo , outras em que não”, explica Joaqim Ferreira. Já José Lopes, dono de um dos muitos quiosques que povoam a Rua de Cedofeita, desdramatiza a quebra de vendas do tablóide português, até porque “está igual à média das vendas”.