Depois de vários países terem boicotado, esta segunda-feira, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre racismo, o JPN falou com Nuno Silva, da SOS Racismo, um dos participantes da sessão que a Faculdade de Direito da Universidade do Porto dedicou aos Direitos Humanos, esta terça-feira.
Sobre o boicote à conferência da ONU, a posição da SOS Racismo é firme: “Não creio que estas conferências sirvam para mudar alguma coisa. Têm meras intenções de príncipios, mas não têm relevância”, aponta Nuno Silva, em declarações ao JPN.
“Há culpa de parte a parte”, acrescenta o responsável, em relação ao conflito israelo-arábe, um dos temas centrais da conferência, graças às declarações do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, contra Israel.
O responsável mostra-se preocupado com o aumento da xenofobia e dos movimentos de extrema-direita em Portugal, particularmente devido à “organização” que, “nos últimos anos”, a ideologia “tem conseguido obter”.
Crise faz aumentar casos de xenofobia
Nuno Silva acusou ainda a União Europeia de aprovar “uma série de diplomas que potenciam fenómenos de xenofobia”, diz, em alusão, por exemplo, à Directiva de Retorno, a lei comunitária, aprovada em Junho do ano passado, que visa facilitar o repatriamento de imigrantes ilegais.
“É um exemplo que não é compreensível numa União Europeia nos tempos actuais”, acrescenta. O responsável da SOS Racismo ressalva, ainda, que “em tempos de crise” a xenofobia tende a aumentar.
Numa altura em que se regista um aumento das queixas, o número de julgamentos de casos que envolvam actos xenófobos continua a ser baixo. Nuno Silva afirma que a “justificação tem a ver com a dificuldade em provar elementos de discriminação”.
Para além destes factores, outro movivo de preocupação é, diz a SOS Racismo, a “publicidade racista e xenófoba” que circula na Internet. “Há uma quantidade de blogues e de sítios na Internet que fazem esta propaganda, cujos meios para combater são de facto difíceis”, revela.