Onze anos depois do Porto’2001, Portugal vai voltar a ter uma Capital Europeia da Cultura. Em 2012, Guimarães e Maribor – segunda cidade mais importante da Eslovénia – terão à oportunidade de “mostrar-se” à Europa, através de vários eventos e reformas culturais.

Até 2014, Guimarães tem três anos para delinear estratégias e reestruturar e renovar a cultura da cidade. Teresa Lago, presidente da Sociedade Porto 2001 destaca a “importância de se definir um projecto e seguir um plano”, de forma a tornar esta iniciativa uma “oportunidade para afirmação da cidade nos seus valores próprios e nas suas características muito específicas”.

Jorge Campos, programador cultural e também organizador do Porto Capital Europeia da Cultura, aponta também a importância de “prosseguir os projectos já começados” e de, após o ano de eventos, continuar com a dinamização cultural.

Para o professor de cinema, “uma Capital Europeia da Cultura pode ser um efeito potenciador muito grande em relação àquilo que é a visibilidade e a qualidade de vida de uma cidade”. Algo que, de acordo com Teresa Lago, fez com que o Porto se libertasse do “complexo relativamente ao facto de não ser a capital do país”.

A imagem europeia que o conjunto de iniciativas, eventos e construções – como a Casa da Música – deram ao Porto, fez com que o nome da cidade percorresse a Europa. “Na própria programação de Vilinus [a capital da Lituânia partilha com Linz o título de Capital Europeia da Cultura 2009], aparecem reflexos daquilo que foi a capital cultural aqui na nossa cidade”, realça Jorge Campos.

Câmara “nunca conseguiu entender a dimensão cultural da política”

As quatro linhas mestras do programa do Porto 2001 passavam pela recuperação e renovação do espaço público; a construção e renovação de equipamentos culturais; a programação cultural; e a renovação da Baixa do Porto, do ponto de vista de espaço e principalmente de activação do comércio.

Segundo Teresa Lago, esta última não foi executada por “razões externas à organização”. Apesar do “pouco tempo” que a astrofísica diz ter havido “para preparar um ano de actividades”, Jorge Campos aponta o dedo à autarquia: “Nunca teve uma política cultural para a cidade e na verdade nunca conseguiu entender a dimensão cultural da política”.

Ainda assim, o Porto foi alvo de uma profunda transformação durante o processo de organização do Porto 2001, tendo daí resultado a criação/renovação de espaços como a Casa da Música, a Casa da Animação ou o Jardim da Cordoaria. Num ano, diz Jorge Campos, a cidade conseguiu “deixar de ser provinciana” para assumir uma faceta “ousada” e “cosmopolita”.

Segue-se a vez de Guimarães ser “transformada” em 2012.