No ano em que comemora 90 anos, o Museu Nacional de Soares dos Reis presta homenagem a Nadir Afonso, considerado um dos maiores artistas plásticos vivos em Portugal. A exposição que reúne cerca de cem obras do autor, sendo muitas delas desconhecidas do público em geral, começa esta quinta-feira, pelas 19h00.

“Nadir Afonso. Sem Limites” é uma exposição retrospectiva que mostra o trabalho desenvolvido na primeira metade do seu percurso artístico durante os anos trinta a sessenta. A exposição está dividida em sete núcleos, que acompanha a evolução do seu trabalho.

“Quando tinha vinte, trinta ou quarenta anos era muito intuitivo mas, agora, elevei os valores da intuição ao raciocínio”, refere o artista sobre a diferença da arte de hoje com a exposta. Com uma atitude muito reflexiva e baseada numa análise teórico-filosófica, o artista considera que a matemática ganhou grande importância na sua obra. Ela é, para Nadir Afonso, a “essência da obra de arte”, pois “é a proporção matemática que dá beleza à obra de arte”. E é exactamente isso que marca a diferença na arte de Nadir Afonso, segundo entende o próprio. “Nunca encontrei ninguém com um conceito de arte ou estética como eu”, sublinha.

Sobre as suas obras mais antigas, a vontade do artista é sempre de as melhorar. “Sempre que olho para um quadro meu, por muito antigo que seja, às vezes queria retocar”. Para Nadir Afonso, a perfeição só é atingida quando a obra de arte deixa de o “oprimir”, já nada o “choca nela e ela está exacta, numa harmonia total”.

Nadir Afonso, que começou a pintar aos 15 anos na cidade de Chaves, é, segundo a curadora da exposição, Adelaide Ginga, um “autodidáctica das artes” pois, apesar da sua formação em arquitectura no Porto, o seu conhecimento foi feito através da “aprendizagem e de evolução empírica”.

A obra mais importante da exposição é a máquina “Espacillimité – Máquina cinética” criada em 1956 onde, num movimento circular sistematizado, move-se uma tela do artista, dando a “ilusão do ilimitado”. Uma obra que exprime o pensamento do criador e que, por isso, deu origem ao nome da exposição: “sem limite”.

A exposição estará em exibição até 13 de Junho no Porto, altura em que partirá para Lisboa, onde estará exposta de Junho a 3 de Outubro.