Até ao momento, os pacientes dos cuidados intensivos são ventilados de forma invasiva, ou seja, através de tubo endotraqueal. No entanto, uma equipa de investigadores da FMUP demonstrou que é possível substituí-lo por uma ventilação não invasiva que vai trazer melhorias na qualidade de vida do doente.

Segundo João Carlos Winck, investigador do Serviço de Pneumologia da FMUP, refere que é possível “ajudar os doentes a respirar” com um ventilador não invasivo que consiste numa “máscara que se coloca no nariz ou um dispositivo colocado na boca para insuflar os pulmões de ar”. Esta é utilizada juntamente com um aparelho (chamado Cough-Assist) que “é uma espécie de aspirador, também através de uma máscara que suga as secreções”.

O novo protocolo médico oferece vantagens para os doentes bem como para o Hospital. A qualidade de vida dos doentes “vai melhorar” porque “vão poder ir para casa e não vão ter de ser traqueostomizados”. Quanto ao Hospital vai sofrer uma redução de despesas, uma vez que “os doentes estão muito menos tempo internados”. Explica João Carlos Winck, salientando ainda que devido à crise “um protocolo que poupe dinheiro é sempre bem-vindo”.

A substituição do tubo pela máscara de ventilação promove ainda a recuperação da autonomia respiratória dos pacientes, ao contrário do que acontece quando os pacientes são intubados. A proposta da equipa de investigadores da FMUP passa por um protocolo “muito mais fisiológico”, uma vez que o doente deve estar “acordado e colaborante”.

Este novo protocolo de extubação foi desenvolvido em parceria com a New Jersey Medical School, em Newark, Nova Iorque (EUA) e publicado na revista científica Chest. Actualmente apenas o centro de New Jersey e o Hospital de S. João utilizam o protocolo, porém prevê-se que também “unidades de cuidados intensivos do país possam implementar” esta técnica inovadora.