Pela primeira vez em nove anos de existência as Quintas de Leitura não vão apresentar um poeta, mas sim as escolhas literárias de um dos mais antigos recitadores do ciclo poético. A sessão de hoje, quinta-feira, chama-se “Isaquetamente” e trata-se de uma mostra dos poemas preferidos de Isaque Ferreira. No Teatro do Campo Alegre, como sempre.

Próxima sessão:

A 15 de Julho, as Quintas retomam o formato normal antes das férias. “O Texto a Meia Distância” traz Daniel Maia-Pinto Rodrigues ao Campo Alegre. As diseurs Margarida Carvalho e Teresa Coutinho transitam para a próxima sessão, onde vão ser acompanhadas por Pedro Lamares. O ensemble de canto lírico de Ana Celeste Ferreira, com Pedro Correia (guitarra clássica) e Nuno Jacinto (violino) é o aperitivo musical. Renato Roque trata da fotografia e Luís Guerra, da companhia Bomba Suicida, ocupa-se da dança. A fechar actua o novo projecto dos ex-Três Tristes Tigres, Ana Deus e Alexandre Soares: Osso Vaidoso.

E porquê esta transferência de poder? “Para que os próprios diseurs não se sintam funcionários públicos”, responde, prontamente, João Gesta, programador do ciclo. Uma filosofia que, diz, tenta adoptar em todas as sessões. “Os nomes sobejamente conhecidos não têm dificuldade nenhuma em mostrar a sua obra. Enquanto que os jovens da novíssima poesia portuguesa têm.” Eis a justificação para a aposta em nomes como Filipa Leal, Catarina Nunes de Almeida ou o convidado da próxima sessão, Daniel Maia-Pinto Rodrigues (ver caixa).

Herberto Helder, Adília Lopes, Luiz Pacheco e Mário Cesariny são alguns dos autores que vão ser lidos hoje. Pelo próprio Isaque Ferreira – “os que precisam de maior fôlego”, assegura Gesta – e pelos “diseurs da casa”: Margarida Carvalho, Paulo Campos dos Reis e Teresa Coutinho.

E porque na poesia “há espaço para tudo”, a noite encerra com um concerto de Sean Riley & The Slowriders, em formato (quase) acústico. Antes, actua a coreógrafa e bailarina Né Barros, numa noite que conta com a participação especial de Rui Lima na música e do artista plástico Mário Vitória.

A maior surpresa vai, no entanto, para a actuação de Natasha Semmynova, drag queen residente no Boys’R’Us, que vai ao encontro do objectivo de construir um espaço “multidisciplinar” e “de liberdade”. Afinal, a poesia pode ter tudo, como confirma o programador: “Quando trouxe cá uma stripper escreveram-me a dizer que achavam uma indignidade. Agora não vão faltar pessoas a dizer o mesmo. E não percebo porquê. Por que é que danças exóticas entram em choque com a poesia?”