No último dia de Marés Vivas, os festivaleiros foram recebidos por um céu cinzento e a ameaçar chuva. Ainda assim, o cenário já se começava a compôr para receber os grandes nomes da noite.

Quando Mia Rose subiu ao palco, a moldura humana já fazia prever uma enchente para o último dia de festival. Feliz por estar no “maior festival do Norte do país”, a luso-descendente, que ficou famosa à conta dos vídeos que publicou na sua conta do Youtube, desfiou vários covers de artistas como Cee-Lo Green, Maroon 5 ou o portuense Rui Veloso. Um concerto relaxado e com uma vibração pop, bem ao estilo de Mia Rose.

O caso muda de figura quando são os Azeitonas em palco, banda já habituada ao palco secundário do Marés. Rockeiros e energéticos, levaram o público ao rubro com os êxitos da banda. Um concerto cheio de “power” que fez agitar os corpos que se aglomeraram junto ao palco Moche.

Com uma pontualidade britânica, Áurea começou o seu concerto à hora prevista: pelas 20h30. Aos primeiros acordes, a voz quente da artista revelação portuguesa de 2010 atraiu os festivaleiros que se encontravam na zona de lazer. Bem-disposta e sorridente, Áurea subiu ao palco descalça e pronta para aquecer, e muito, o final de tarde de sábado na praia do Cabedelo. Com o tema mais famoso da cantora, “Busy (For Me)”, a chuva começou a cair na praia do Cabedelo. Nem assim os festivaleiros arredaram pé da frente do palco.

Depois do soul de Áurea, foi a vez dos Tindersticks subirem ao palco. Depois de estarem em Guimarães em Fevereiro deste ano, a banda de Stuart Staples voltou a Portugal para um concerto saudosista que levou o público de volta aos anos 90. Com a chuva, o público foi começando a procurar abrigo. Ainda assim, a moldura humana que recebeu os Tindersticks provou que o público do Marés Vivas é resistente. Um concerto intimista: não só pela voz quente e sedutora de Stuart Staples, mas pela pouca luz que iluminava a banda. Até os próprios LED’s que, todos os dias, transmitiam os concertos, permaneciam desligados. Estava criado o ambiente ideal para uma viagem ao passado.

O saudosismo de Cranberries e a força de Mika, cantados à chuva

A viagem continuou com os Cranberries que, mesmo com a chuva que já não abandonava o cenário, conseguiram atrair ainda mais público para junto do palco. “Ode to My Family”, “Linger” e o inevitável “Zombie” fizeram as delícias da multidão, que não arredou pé do palco principal. Com sacos de plástico a servir de resguardo improvidado e com os guarda-chuvas a ficar à porta, o público fez de tudo para enfrentar a chuva que, embora fraca, molhava toda a gente.

Depois de um desfiar de sucesso em encore (que teve direito a Promises e Dreams) era a vez de Mika subir ao palco principal para o derradeiro concerto deste Marés Vivas 2011.

“Vocês estão molhados, vocês estão com frio”, dizia Mika, num português arranhado, no início do espectáculo. “Mas não se preocupem porque, daqui a dez minutos, já nem vão querer saber disso”, garantiu. Dito e feito.

O cantor começou com sucesso (Relax – Take it Easy -) e terminou com uma versão pouco convencional de outro êxito (Lollipop). Pelo meio, houve espaço para Grace Kelly, Kick Ass, conversas em cima de pianos e até músicas cantadas em francês, tudo acompanhado pelo público incansável que permaneceu no recinto. E não era para menos. O cantor, em palco, torna-se numa mistura única de teatralidade e improviso que consegue intrigar qualquer um e o cenário, pejado de quadros e candelabros, conduz os presentes a um imaginário quase saído do Maria Antonieta, de Sophia Coppola.

O Marés Vivas terminou, assim, em beleza, num dia em 22 mil pessoas passaram pelo Cabedelo. Já há planos para a edição de 2012, que deverá acontecer de 19 a 21 de Julho. No entanto, as datas podem ser extendidas a um quarto dia (à semelhança do que aconteceu com o Optimus Alive!11), com “um nome forte a completar o cartaz”.