Depois de uma edição esgotada em Lisboa, foi a vez do Porto receber o Vodafone Mexefest. O conceito é simples: concertos e mais concertos concentrados em vários espaços do centro da cidade. Por isso mesmo, saltos altos e roupa de gala ficam em casa. Com a energia “lá em cima”, calçámos as sapatilhas e ligámos o “pedómetro”: afinal de contas,mexemos durante mais de seis horas e queremos saber a “quantas andamos” no final da noite.

E com mais de 20 concertos apenas para o primeiro dia, o festival abriu as “portas” bem cedo. Pelas 17h00, coube ao americano Josh Rouse inaugurar mais uma edição frenética do Mexefest no palco da FNAC de Santa Catarina. Com o tempo contado, chegamos uns minutos antes das 17h30, esperançados para ouvirmos a parte final da atuação. Infelizmente, o “cantautor” já tinha arrumado os instrumentos e dispersado entre a multidão.

Dizem os entendidos que “nada é por acaso” e, minutos mais tarde, bem no centro da rua Passos Manuel, encontramos a senhora Lourdes Hernandéz. Bem-disposta e sorridente, a jovem espanhola que todos conhecem por Russian Red, esteve à conversa com o JPN e garantiu que adorou as dez salas que vão receber o festival. Já em relação à cidade, Lourdes Hernandéz garante que adora o rio Douro e que espera conhecer melhor os encantos da Invicta.

Mas porque o tempo é escasso, despedimo-nos da simpática Russian Red e partimos à (nova) descoberta da rua Passos Manuel. Entre chocolate quente, pipocas e algodão-doce, o coração da cidade transforma-se para acolher de braços abertos todos os que quiserem ouvir boa música em alguns dos espaços mais emblemáticos do Porto.

Batidas eletrizantes, concertos intimistas e sintetizadores no máximo

Depois do jantar, chega a altura de subirmos à Sala SBSR do Maus Hábitos para ouvirmos uma das grandes revelações musicais do ano passado. Os Best Youth entraram em ação cerca de dez minutos depois da hora marcada e mostraram por que razão são tão apreciados pela crítica e pelo público. Bem-dispostos, conquistaram tudo e todos com as batidas eletrizantes e com a voz poderosa da vocalista Catarina Salinas, que envergava uns calções com lantejoulas que fizeram furor entre o público masculino.

Mas porque ainda muito havia para fazer (e ouvir), depressa passamos para o outro lado da rua, até ao Cinema Passos Manuel, onde Norberto Lobo nos esperava com a sua guitarra para um concerto intimista que ficou na memória e na pele de galinha de todos os que assistiram ao talento de um dos grandes nomes da música nacional.

Eis que descemos a rua até ao Ateneu Comercial do Porto para sermos brindados pela simpatia e pelo calor do brasileiro com nome inglês, Dani Black. Uma atuação cheia de energia mas que não “roubou” público suficiente aos outros artistas. Fica o aviso: Dani Black vale a pena e recomenda-se.

Sem tempo para pausas, fomos até à Garagem Vodafone para descarregarmos energia ao som dos Capitão Fausto. Com o álbum de estreia “Gazela”, a curiosidade apoderou-se dos festivaleiros que foram enchendo o espaço ao longo do concerto. Ainda assim, depressa rumámos à mais emblemática das salas de espetáculo da Invicta: o Coliseu do Porto estava a meio gás quando os suecos Niki & The Dove subiram ao palco. Com um “outfit” a lembrar a década de 70, a vocalista Malin Dahlström mostrou-nos que, mesmo com problemas de garganta, a sua voz consegue ouvir-se em toda a sala. A abrir com “Mother Protector”, a banda sueca levou-nos numa viagem sensorial ao mundo da eletrónica e da pop.

Noite de vozes poderosas

Perto das 23h30, rumámos ao Ateneu Comercial do Porto, na companhia dos Farra Fanfarra, para a atuação de Russian Red. A espanhola de lábios vermelhos subiu ao palco meia hora depois do previsto e conquistou o público com a sua voz de mel e com os temas adocicados que já encantaram o universoo “indie” espanhol. Com o já conhecido “I Hate You But I Love”, voltámos a marcar o passo até à Garagem Vodafone para assistirmos ao concerto do britânico King Krule. Mas não se deixem enganar pelas aparências: o adolescente ainda com cara de miúdo tem uma voz forte e profunda que não deixa ninguém indiferente.

Rapidamente entrámos no Coliseu para assistirmos a um dos concertos mais esperados do festival. St. Vincent encheu a sala para aquele que foi, sem dúvida, um dos concertos da noite. Fazendo da guitarra a sua melhor amiga, Annie Clark contagiou todos os que estavam no Coliseu. Com temas como “Cruel” ou “Strange Mercy” o público mostrou que conhece as batidas e as letras.

Rendidos a St. Vincent, não ficámos para o final e corremos até ao Teatro Sá da Bandeira para assistirmos à atuação dos Supernada. Manel Cruz e companhia depressa encheram a sala e levaram a multidão ao rubro a cada gesto, a cada salto e a cada acorde. O baixo tornou-se poderoso, a voz elevou-se e os corpos deixaram-se ir. Manel Cruz sabe o que faz e sente-se bem no Porto.

Com a madrugada a refrescar os que ainda se encontravam pelas ruas da cidade parámos o nosso “pedómetro” e fizemos contas à vida: no final da primeira noite percorremos cerca de 10 km. Para quê ginásio quando temos o Mexefest?

Hoje, sábado, continuamos a mexer com Twin Shadow, Hanni El Khatib, Glockenwise e muitos outros.