“Eles leem os seus e-mails. Ouvem as suas chamadas. Entram nos seus routers wifi e bisbilhotam o seu tráfego. GPS dos carros. E não estou a falar de terroristas”. Este foi um dos updates de Sabu no Twitter a 5 de março. Ninguém diria que Sabu, ou Hector Monsegur, de 28 anos, colabora com a polícia federal norte-americana desde junho de 2011, quando foi detido e indiciado como cabecilha do grupo Lulz Security, segundo a Reuters.

Foi a agência britânica Reuters quem avançou pormenores do processo judicial de junho, quando Sabu foi detido, que permitem concluir que este se terá tornado informador do FBI. A denúncia, feita na terça-feira, criou um ambiente de desconfiança e fuga generalizada entre os membros da LulzSec e dos Anonymous, que tentam, agora, destruir eventuais provas incriminatórias. Desde “ataques” à CIA, Fox e Sony Pictures, passando pelo Visa e pelo Mastercard, se fosse condenado por tudo o que é acusado, Sabu teria de cumprir uma pena de 124 anos de prisão.

Colaboração de Sabu não destabiliza Anonymous

“Quem confiou em Sabu deve estar em pânico neste momento”, disse Jennifer Emick, ex-activista dos Anonymous, que deixou o grupo quando este passou a atacar o governo norte-americano. E parecem ter razões para isso. Até agora já houve cinco detenções entre os membros no LulzSec dos EUA e do Reino Unido. “O que este caso demonstra é que o FBI está a ficar muito eficiente na caça a estes grupos”, declara, por seu turno, Jerry Dixon, diretor de um grupo de investigação em cibersegurança, uma unidade existente dentro do Departamento de Segurança Nacional norte-americana.

Ainda assim, os Anonymous dizem que continuam a operar sem interferências e, em resposta, atacaram a página do fabricante de antivírus “Panda”, deixando uma mensagem de revolta a Sabu e acusando-o de ter traído os seus “irmãos”. Na rede social Twitter as reações também não foram pacíficas. No entanto, ainda há quem não acredite que Sabu possa ter colaborado com o FBI e elaboram-se teorias sobre a possibilidade da notícia ser uma forma de virar os hackers uns contra os outros.

Apesar do cerco estar a apertar e a perseguição federal ser cada vez maior, os Anonymous acreditam que o movimento não vai sair abalado. “Ainda não perceberam? #Anonymous é uma ideia. #Anonymous é um movimento. E vai continuar a crescer, a adaptar-se, a evoluir, independentemente do que venha a acontecer”, afirmam na sua conta do Twitter.