Ao todos, eles são oito com licenciaturas do Direito à Filosofia, passando pela Multimédia e a Maria Teresa é o cérebro do grupo. Com 21 anos, “não podia morrer com esta ideia”, que diz ter surgido em março, de uma “necessidade”, “de uma vontade que existisse”. Partilhou a ideia com pessoas que “iam percebê-la e concretizá-la”, como Ana Pedro, que também dá a cara pela iniciativa. Batizaram-na de “Esporádico”, criaram um facebook com o logo e espalharam-no pela cidade. O conceito foi ganhando forma e o projeto nasceu como este texto: envolto em mistério e a tentar aguçar a curiosidade dos mais despertos.

Hoje, o “Esporádico” pode descrever-se como uma nova iniciativa cultural, feita de atividades esporádicas, isto é, livres, gratuitas e que “possibilitem a troca de experiências e ideias”. São um grupo de “pessoas muito idiotas e cheias de vontade” , como os descreve Ana Pedro, que querem proporcionar “serões bem passados” e lembrar às pessoas que “cultura é vida”, sem “entraves económicos e sociais”, conta Maria Teresa, ao JPN.

O “Esporádico” quer potencializar as “individualidades de cada um”

A primeira iniciativa do grupo foi a prova disso mesmo. Por volta das seis da tarde, ouviram-se os primeiros acordes de jazz do Quarteto Hoc Opus, na nova praça de Lisboa. A curiosidade de muitos falou mais alto e, uma meia hora depois, eram dezenas as pessoas que assistiam ao concerto, sem se preocuparem com o porquê ou o quem. “Mas isto não é só o concerto, vais ver, deixa-te ficar à espera e vais perceber”, alertava Maria Teresa.

O “Esporádico também é feito de surpresas: “é imprevisível e nunca é só o que se divulga”, explica a estudante. Ana Pedro completa: “Queremos que as pessoas ponham aquilo que são nestas pequenas atividades”, por isso, no fim do concerto, foi a vez do público fazer música. Em dois grupos, fizeram composições com a voz, com o corpo e com movimento. Reinaram a imprevisibilidade, a irreverência e a animação. Houve quem não resistisse ao grupo e abandonasse a bicicleta para se unir a outro tipo de desporto, feito de dança e convívio.

“Não queremos que o esporádico fique só para nós”

“A próxima atividade [que isto não se fica pelos concertos] é no Museu Soares dos Reis e mais não posso dizer”, garante Maria Teresa. Fica o convite e a promessa de divulgação nas redes sociais, que até agora, têm sido a melhor forma de contornar a falta de financiamento: “o investimento inicial foi todo nosso, em cartazes e outros materiais”, “há sempre custos quando se quer chegar a mais pessoas” e é complicado “manter um projeto assim e ainda ponderámos um patrocínio, mas não queremos correr o risco de nos institucionalizarmos”, explica Ana Pedro. E depois, “não há nada melhor do que o boca-a-boca”.

Mas o “Esporádico” tem prazo de validade: vai ser um movimento que só dura até ao final de 2013. “Queremos que também isto seja só esporádico e que as pessoas se lembrem que, naquele ano, participaram nisto”, conta Ana Pedro. Mas se alguém quiser, pode dar continuidade, “até porque não queremos que isto fique só para nós: o nosso objetivo é cativar as pessoas, para que queiram fazer cultura assim como nós fazemos”, explica.

E apesar de ainda estarem “na fase de ver o filho nascer”, já receberam um “ótimo feedback” de públicos e instituições. Por isso, deixam um convite a todos os que queiram participar e promover o seu trabalho ou simplesmente integrar o grupo “de malta fixe” do projeto. Porque “afinal, sem cultura não temos identidade: a cultura somos todos e todos somos a cultura”.