“Vive depressa, morre jovem e deixa um cadáver bonito” parece ser um lema levado muito a sério entre as estrelas da indústria musical. A verdade é que muitos acabam por morrer demasiado cedo, um facto que é agora comprovado pelo estudo “Dying to be famous”, do Centro de Saúde Pública da Universidade John Moore, em Liverpool.

Centrado no mundo anglo-saxónico – Reino Unido e Estados Unidos da América (EUA) – o estudo avalia o percurso de 1489 músicos – de géneros tão diferentes como Pop/Rock, Punk, Rap, R&B, eletrónica ou New Age – que atingiram o pico da sua carreira entre 1956 e 2006, ou seja, chegaram ao Top 40 americano ou britânico durante esse período.

“Sex, drugs and rock’n’roll”

As décadas de 60 e 70 foram vistas e decsritas como o auge dos excessos. A trilogia “sex, drugs and rock’n’roll” [sexo, drogas e rock’n’roll] levou muitos músicos à ruína e os números também o comprovam. Segundo resultados da investigação, a partir de 1980 aumenta a taxa de sobrevivência (ainda que a altura também coincida com os avanços da medicina).

Para obter conclusões, os investigadores compararam a longevidade destas estrelas com a esperança média de vida da restante população (tendo em conta sexo, nacionalidade e origem étnica no momento em que ganharam notoriedade) e os números não deixam dúvidas. Para além de cerca de 9% das personalidades analisadas terem morrido durante o período analisado, as possibilidade de sobrevivência dos músicos americanos, por exemplo, são de apenas 87,6%, 40 anos após atingirem a fama.

Teoria do “Clube dos 27” deitada por terra

A idade média de mortalidade entre os músicos americanos presentes no estudo é de 45 anos, ao invés dos 37 anos para os britânicos. Ainda assim, as estrelas americanas – principalmente as negras – registam mais mortalidade.

Mas estes dados levam ainda a outra conclusão presente neste estudo. A lenda do “Clube dos 27” – ao qual pertenciam nomes como Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain ou Amy Winehouse – e a teoria de que os 27 anos são a derradeira meta dos malogrados jovens músicos que atingem o estrelato, são deitadas por terra. Para além das médias não corresponderem, entre os 137 mortos registados, apenas dez pertencem ao dito clube.

Destes 137 foi ainda possível averiguar que 47,2% vinha de famílias disfuncionais e que 4 em 5 dos que acabaram por morrer em contexto de violência ou de abuso de subtâncias tinham sofrido maus-tratos na infância.

O estilo de vida, o background e a dependência do álcool ou de outras substâncias é claramente determinante na expectativa de vida dos jovens músicos. “As pessoas podem ver na música uma saída. Muitos podem pensar que milhões de libras acabarão com o trauma. Mas esse não parece ser o caso”, explica Mark Bellis, um dos investigadores.