Com implicações históricas relativas à morte de D. Pedro IV, de Portugal, e I, do Brasil, o estudo, foi chefiado pela arqueóloga e historiadora Valdirene Ambiel, da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro de Inteligência Pericial (CENINPER) do Brasil. A investigação académica veio revelar que o monarca português possuía, aquando da morte, 4 costelas fraturadas que terão acelerado o avançar da tuberculose, doença que o vitimou aos 36 anos.

D. Pedro VI, rei e imperador

Celebrizado pelo Grito do Ipiranga e pela luta contra as forças absolutistas, D. Pedro IV, de Portugal, e I, do Brasil, viveu na viragem do século XVIII para o XIX. O corpo d´”O Libertador” ou “O Rei Soldado”, cognomes que lhe foram atribuídos, foi enterrado no Brasil. No entanto, o seu coração encontra-se na Igreja da Lapa, como símbolo da ligação do monarca à cidade do Porto.

Além da análise e reconstrução óssea, o estudo abre caminho para determinar a estatura de D. Pedro IV. Inovadora, a investigação apresenta como objetivos próximos e não muito longínquos a reconstrução holográfica do rei e a recriação da sua voz a partir do material genético recolhido.

A investigação acrescenta que D. Pedro foi enterrado como um general português. No túmulo não foram encontrados símbolos brasileiros e, de acordo com a análise realizada, o primeiro imperador brasileiro encontrava-se adornado com uma medalha com o formato de Portugal e galões com a forma da coroa portuguesa.

A mumificação e novas questões históricas

No momento da exumação, também D. Amélia, segunda esposa do rei, foi alvo da atenção da investigadora. A surpresa surge com a descoberta da mumificação do corpo da imperatriz, facto que se traduz na formulação de novas questões por parte dos especialistas quanto aos motivos que determinaram o ato.

As descobertas relativas a D. Leopoldina, primeira mulher de D. Pedro, vêm também pôr à prova a teoria que afirma que a esposa do rei havia morrido após uma queda uma vez que o corpo não apresentava fraturas.

A existência de lacunas históricas é, de acordo com historiador portuense, um fenómeno comum, cuja frequência se acentua no período anterior ao século XIX pela maior escassez de informação. Salientando a importância do rigor nas investigações no domínio da História e a ligação da ciência social às outras ciências, o historiador afirma ter alguma relutância em aceitar o termo “revisão”: “Há lacunas em certos factos, mas não está tudo em reavaliação constante.” Afirma, no entanto, a História como “uma construção permanente”.