O movimento nasceu em África, mas depressa se fundiu com outros povos. Do cruzamento do ambiente suburbano parisiense com o fenómeno de emigração da Costa do Marfim, surgiu o “Coupé-Décalé”, uma tendência musical de tom irónico e ritmo acelerado, com origem em 2003, nas ruas da capital francesa.

Na construção de uma música que baralha identidades, o “Coupé-Décalé” extrapolou os modelos e desenquadrou-se dos géneros musicais definidos. Tecno, house e ritmos africanos confundem-se na mesma música e articulam-se com simplicidade rítmica e eletrónica.

Romper com a visão tradicional dos compassos africanos e estabelecer uma conexão com o ocidente é uma das metas do género, que se destaca pela índole jovem e sexual, pela intervenção crítica e cariz provocatório.

Satirizar através da música e do visual

Marcas de luxo e vídeos filmados em frente a lojas de marca são comuns. Nos vídeos do género musical, satirizar formas de vida e retratá-las de forma criativa e divertida são constantes que distanciaram o grupo do estereótipo burguês em França.

O “Coupé-Décalé” assumiu proporções sociais ao transmitir uma imagem de imigrantes da Costa do Marfim endinheirados e bem-sucedidos. Politicamente incorreto e musicalmente magnético, a música serviu de mote à criação do movimento.

Nos clubes noturnos de todo o Mundo

“La Jet Set” são os responsáveis pelo início do movimento: o grupo de DJ’s tem, desde então, difundido o “Coupé-Décalé”. Dos clubes noturnos para os restantes países europeus, o grupo beneficiou dos movimentos migratórios que contribuíram para a difusão da música.

Vários DJ’s, bailarinos e músicos estão hoje no Maria Matos, em Lisboa, num dos primeiros eventos em Portugal para promover o género musical. A proximidade ao kuduro faz dele uma atração para o público mais jovem.