O sol ainda brilhava no céu e a temperatura ainda se fazia sentir quando, apesar dos problemas técnicos que atormentaram o início dos concertos, Chapa Dux subiu ao palco. A banda de Sintra entrou cheia de energia e não deixou os festivaleiros indiferentes, que se foram reunindo, aos poucos, no recinto.
Estrearam “Fight”, cantaram “Get Up, Stand Up”, homenagearam os dois rapazes que morreram nas águas do Douro – o que levou ao adiamento do primeiro dia para este domingo, 30 de junho – e não se cansaram de puxar pela plateia. “Somos uma família, todos juntos!”, gritava o vocalista.
Nas areias do Areinho, muitos ainda se mantinham sentados – um cenário comum neste festival tranquilo – ou aproveitavam para “forrar o estômago”, mesmo que as opções não sejam muitas e não haja multibanco disponível para os mais desprevenidos. Sente-se a falta, essencialmente, num festival deste género, da comida vegetariana.
Depois do pessoal repôr energias, já o sol tinha dado lugar à noite, permitindo o típico jogo de luzes, foi a vez de Dengaz “celebrar a vida”. O músico, que deu um dos concertos mais empolgantes da noite, proporcionou ainda um dos cenários mais bonitos, quando pediu que todos acendessem um isqueiro. Uma homenagem, mais uma vez, aos rapazes de Gaia que perderam a vida. Como banda sonora: “vocês estão em cada beat, em cada rima” – a música “Obrigado”.
O músico lisboeta, entre músicas como “Encontrei” e “Neva Give Up”, apelou ainda à não violência e à recusa de drogas pesadas. Enquanto isso, reunia-se um outro público, diferente do habitual do festival. Pessoal mais velho, alguns a rondar os 40, que iam “curtindo o som”, enquanto aguardavam pela entrada dos veteranos UB40.
UB40 protagonizaram um concerto “sossegadinho”
O manancial de instrumentos e o cenário cuidado denunciaram a entrada da banda britânica. Com uma introdução demorada e uma plateia ansiosa e bem composta – a maior do primeiro/segundo dia – começaram com “Here I Am Baby” e continuaram noite dentro com grandes clássicos. “Red Red Wine” ou “Can’t Help Falling In Love” fizeram parte de um concerto sossegado que ainda permitiu ouvir “Kingston Town”.
Para contrariar o transe em que entraram muitos dos que assistiam, enquanto alguns já iam deixando o recinto, subiu ao palco o oposto: Million Stylez entrou cheio de energia e proporcionou cerca de uma hora de batidas intermináveis. O festival voltou a acordar, depois da tranquilidade e de alguns compassos de espera. Foi o melhor aquecimento para Richie Campbell, que muitos esperavam há horas.
Richie Campbell esperou três meses por este concerto
Acompanhado da sua 911 Band, pareceu ter molas nos pés e uma energia que nunca acaba, do início ao fim. O hiperativo músico português falou do “orgulho de pertencer à família Positive Vibes”, apelou ao “apoio ao reggae nacional” e interagiu constantemente com o público. A plateia correspondeu e cantou e Richie encantou – principalmente o público feminino – e fez o que quis dela: saltos, gritos em uníssono e refrões em coro.
“Blame It On Me”, “Get With You”, “Love is An Addiction” foram só algumas das músicas que todos sabiam de cor, antes da esperada “That’s How We Roll” que encerrou a festa, mesmo que por esta altura poucos tivessem vontade de abandonar o recinto. Nem mesmo o próprio Richie parecia ter vontade de ir embora, depois de confessar ter esperado “três meses” para atuar no palco do Positive Vibes.
Pelo meio, sempre generoso, deu ainda um doce aos fãs de Anthony B (um dos músicos mais esperados, que foi cancelado poucos dias antes do concerto) e interpretou “Revolution”.
Depois deste concerto eletrizante, foram muitos os que deixaram o recinto, por voltas das quatro da manhã. Mas a noite ainda era uma criança e a festa seguiu com os concertos de Pow Pow Movement e Xibata & The Celebration Sound.
Este domingo, 30 de junho, há mais para ouvir, com os concertos que deviam ter acontecido na sexta-feira. Ayo e General Levy cancelaram entretanto, tendo sido substituídos por Ziggi Recado e HMB. Depois, há Expensive Soul, Bezegol, Jimmy P e ainda Dirty Skank Beats e Skalibans.