Depois de alguma espera, foram anunciados os cinco vencedores da 11.ª edição do Prémio Secil Universidades Arquitectura 2012, distinção, atribuída desde 2002, que premeia jovens talentos na área. Os projetos mais pontuados foram os de Ana Rita Santos e Cláudio Gonçalves, aos quais o júri, presidido por João Favila, atribuiu também menções especiais. David Monteiro, com o projeto “Academia de dança em Matosinhos“, e Marisa Oliveira, com “Academia de Dança“, ambos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), e Inês Sanz Pinto, da Universidade Autónoma de Lisboa, com “Uma Ópera para o Tejo”, são os restantes vencedores.

Com o projeto de mestrado “Carris [re]visitados”, pelo qual recebeu 19 valores, Ana Rita Santos sugere um outro regresso às desativadas minas de volfrâmio de Carris, Montalegre, situadas em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês. “Foi um projeto muito pessoal”, conta a jovem de 24 anos, mestre pela Escola Universitária das Artes de Coimbra. “Interessavam-me espaços decadentes, que não tivessem um rumo contemporâneo”. Depois de alguma pesquisa, chegou àquele “espaço especial” a 1500 metros de altitude, alcançável depois de quatro horas de caminhada, nove quilómetros num “carreirinho”, o caminho antes utilizado pelos mineiros. Da primeira vez, o nevoeiro impediu-a de ver tudo; da segunda vez, descortinou a lagoa, as ruínas da aldeia de minério, tudo mais.

Numa paisagem tão “delicada”, um espaço tão “contemplativo”, Ana Rita quis respeitar o conceito de “paisagem-território”, elaborando um projeto em que a arquitetura se “abriga” debaixo da terra, debaixo da água. Rejeitou a reconversão, porque “as ruínas são importantes enquanto matéria do património”, e o projeto desdobrou-se em três – três “templos” para contemplar a montanha. O Hotel de 5 Quartos (“nada de turismo de massas”), o Abrigo de Água, para um chá a partir da lagoa, e o Buraco, uma biblioteca no interior das minas.

Um “mergulho” no Tejo

Tal como Ana Rita, também Cláudio Gonçalves ficou surpreendido com o prémio, em particular com a menção especial. “É uma recompensa”, encara o jovem de 30 anos, a terminar o estágio para a Ordem dos Arquitectos no atelier de Inês Lobo, também coordenadora de “Mergulho“, a tese de mestrado que desenvolveu na Universidade Autónoma de Lisboa. O desafio passou por refletir sobre uma zona de Lisboa que está “esquecida” – o Porto de Lisboa – e projetar algo que “abrangesse toda a cidade”.

“Apesar de estar à beira-mar, não é possível ir à praia em Lisboa”, começa Cláudio, que partiu desta premissa para projetar um “equipamento público que pudesse atrair as pessoas”. Chegou a um complexo de piscinas que, realça, “potencializa a relação entre o rio e a cidade”. “Para que aquele lugar [em Santos] não fosse o deserto que é hoje”, desenhou um edifício de 250 metros de comprimento com cinco piscinas que “satisfazem as várias utilizações do utente”: uma praia na cidade ou um local de desporto. Uma espécie de “terraço” informal. “Para o rio conquistar o espaço que lhe foi roubado”.