Aos 18 anos, na música “Reprograma a Ação”, Deau escreveu a rima “A minha ambição na vida é uma coisa única/fazer música de rua e levá-la à Casa da Música”. Passados 8 anos, Deau vê esta concretização como o “culminar de um objetivo” que só agora reuniu todas as condições para se realizar. Consciente do trabalho e da maturidade que adquiriu ao longo de 10 anos de carreira para tornar este desejo possível, o artista faz um balanço positivo no dia em que esgotou uma das salas mais míticas do Porto.

Estreou-se em 2012, de forma independente com o álbum “RetiÊssencias” com o objetivo de introduzir-se no mundo da música e  “marcar o meu nome, as minhas ideologias e formas de pensar e a partir daí uma continuação”, afirma. Em meados de Abril, chegará o segundo disco, que define como “um registo mais biográfico, em que as pessoas já me conhecem”, acrescenta. Ainda sem  título revelado, o novo álbum pretende dar uma certa continuidade ao primeiro trabalho, de uma forma mais pessoal e madura.

Durante o concerto de pré-apresentação do novo disco, subiram ao palco da Sala 2 outros artistas como Ana Lu, Bezegol e Expeão que participam nos novos singles de Deau. O músico adianta ainda que terá mais participações, como a de Ace dos Mind da Gap. “Andorinha” e “Diz-me Só” contam já com milhares de visualizações no YoutTube e as letras estiveram na ponta da língua daqueles que assistiam às atuações na Casa da Música.

Após algum tempo sem pisar um palco, Deau admite que “é muito bom sentir que as pessoas tinham saudades e queriam que eu voltasse”. Acredita que “as pessoas identificam-se com aquilo que eu digo e faço e a prova disso é aparecerem nos concertos e termos salas esgotadas”. A sua inspiração para as letras chegam um pouco de todo o lado, desde conversas, livros, teatro e cinema. A influência do Teatro Nacional São João, no Porto, onde trabalhou durante alguns anos revelou-se importante para a criação dos temas.

“Faço música como se estivesse a falar comigo próprio, sou o meu próprio psicólogo numa conversa em frente ao espelho”, diz. Para si escrever é como desabafar para o papel.

Em 2009, o rapper Valete conheceu o trabalho de Deau e definiu-o como “um rapper do Porto com muita fome e intensidade de se afirmar e estar à altura do legado de pioneiros do Rap Nortenho como Mind da Gap e Dealema“. Acreditava que iríamos ouvir falar muito dele nos próximos tempos e isso verificou-se. Para Deau, “foi uma grande motivação” e espera não ter defraudado as expectativas de quem o incentivou e incutiu a “responsabilidade em querer fazer mais e melhor”.

Para já, deseja apenas acabar o novo álbum e “cantar durante muitos anos os parabéns” à família e  às pessoas que lhe são especiais. Estas são as ambições do rapper do código “4400” e dos improvisos que após alguns anos de trabalho e dedicação assiste à concretização do sonho de levar a sua “música de rua” aos palcos da Invicta.