A peça “Amor e Informação”, da dramaturga britânica Caryl Churchill, encenada por João Lourenço, apresenta-se como “fora de vulgar”, através de um “zapping de imagens que investiga múltiplos aspetos da infinita necessidade de amor e de conhecimento” dos seres humanos. É assim descrita pelo Teatro Aberto, o primeiro a ter recebido a encenação, em dezembro de 2014.

Ao todo, 13 atores, 100 personagens e 54 peças. Para João Lourenço, que também assina o desenho da luz e os cenários, as encenações são “narrativamente independentes, mas com um mínimo denominador comum: as relações humanas na sociedade da informação em que hoje vivemos”. Os temas, que podem ir desde política e conhecimento a amor e memória, percorrem o momento presente e o mundo moderno, marcado pela tecnologia e pelas ligações digitais.

A dramaturga britânica divide a peça em várias secções, tendo esta composição um cariz “assumidamente aleatório”. Para a adaptação portuguesa, João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, igualmente dramaturga da encenação, decidiram “criar relações ou arcos entre as peças como num caleidoscópio em que uma imagem ou um tema podem ser encarados por diferentes pontos de vista”.

João Lourenço

João Lourenço é um ator e encenador português, tendo passado pela rádio, cinema e teatro. É, atualmente, a pessoa responsável pela direção artística e pela programação do Teatro Aberto, situado em Lisboa. Foi premiado com distinções de melhor encenador e melhor espetáculo pela Associação Portuguesa de Críticos, Globos de Ouro, Secretaria de Estado da Cultura, Casa da Imprensa e Câmara Municipal de Lisboa.

Estreia marcada para 14 de maio

A interpretação, que se divide em 100 personagens, ficou a cargo de 13 atores conhecidos do público, como Irene Cruz, Ana Guiomar, Cristóvão Campos, Paulo Oom, Carlos Malvarez, Francisco Pestana, João Vicente, Marta Dias, Marta Ribeiro, Melim Teixeira, Patrícia André, Rui Neto e Teresa Sobral. Em entrevista ao JPN, João Lourenço afirma que todo o processo de interpretação com os artistas “foi trabalhoso, mas bom”.

Para o encenador, “Amor e Informação” é “radicalmente diferente de tudo” o que já fez no teatro, sendo um “documentário humanista” que retrata a “desorientação em que a sociedade se embrenhou”. “A sociedade de informação, em que estamos ligados e incondicionalmente disponíveis para a comunicação, contacto e estímulo, exige de nós muito mais do que nos apercebemos no quotidiano. E, portanto, vivemos num mundo em que este fluxo infinito de informação acaba por desinformar a humanidade, transformando-a num robot sem sentimentos”, acrescenta João Lourenço.

“Amor e Informação”, com estreita prevista para esta quinta-feira, antecipa o Dia Mundial da Sociedade da Informação e da Internet, comemorado a 17 de maio, e pode ser vista até 24 de maio, no Teatro Nacional de São João, no Porto.