A Universidade do Porto (UP) vai ter um mestrado em Enologia e Turismo. O European Master on Wine Tourism Innovation (Wintour) foi apresentado na cidade espanhola de Tarragona, no passado mês de novembro e funcionará numa parceria entre três univesidades: a Universitat Rovira i Virgili (URV), coordenadora principal do mestrado localizada precisamente em Tarragona, na Catalunha, a Universidade de Bordéus (U-Bx), em França e a Universidade do Porto.

“O mestrado vai ser organizado de forma a que os estudantes estejam no primeiro semestre do primeiro ano na Universidade Rovira i Virgili em Tarragona, o segundo semestre será feito em Bordéus, o terceiro semestre será na Universidade do Porto”, esclareceu ao JPN Jorge Queiróz, professor responsável pela coordenação do projeto no Porto.

Já o último semestre inclui um estágio final, que poderá ser realizado numa das três cidades, à escolha dos estudantes. “As dissertações serão divididas entre os três parceiros em função do interesse e proximidade aos projetos por parte dos estudantes”, revelou ainda o professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Funcionamento

O mestrado entrará em funcionamento a partir do próximo ano letivo 2016/2017 e estão asseguradas pelo menos três edições. Aquando da conclusão do mestrado, os alunos irão receber um diploma emitido em conjunto pelas três universidades. A primeira fase de candidaturas abre durante a segunda metade do mês de dezembro, por uma duração de três meses.

A colaboração entre as três regiões pretende-se que seja uma relação estratégica, visto que são mundialmente reconhecidas pelas suas ligações à produção de vinho de qualidade e ao seu apelo turístico. Jorge Queiróz fez questão de mencionar que “todas as três regiões são reconhecidas pela UNESCO como património da Humanidade e todas se distinguem em campos diversos da produção de vinhos”. “Bordéus principalmente pelos vinhos tintos e os vinhos nobres Sauternes. Tarragona pelos vinhos espumantes e o Porto principalmente pelo Vinho do Porto, os chamados vinhos fortificados”, clarificou o especialista.

A criação deste novo mestrado terá importância tanto a nível local como a nível académico. A nível académico, o mestrado vai “reunir as competências que já existem na Universidade do Porto a nível da viticultura, da enologia e do turismo enológico”, revelou Jorge Queiróz. Na parte socioeconómica local, o professor destacou particularmente o aumento do número de turistas e “o interesse no vinho e no enoturismo, que se reflete no aumento das visitas das caves em Gaia, como às regiões vitícolas portuguesas, nomeadamente a do Douro e a dos vinhos verdes”.

Em relação ao papel específico da Universidade do Porto, o professor revelou os vários módulos que serão dados. “O Porto será responsável pela lecionação de módulos de vinhos fortificados, por módulos na área do enoturismo, também do estudo da perceção do consumidor e desse tipo de situações e também por um estudo de marketing e turismo aplicado a épocas especiais como o Natal”, distinguiu. Irão ainda ser feitos estudos de mercado, sobre o design das garrafas e dos seus rótulos, entre outros.

A Universidade do Porto envolveu-se neste projeto “fruto dos contactos internacionais dos seus docentes”, revelou o coordenador. “Já temos algumas colaborações estrangeiras nas áreas do vinho e da vinha, nomeadamente com Montpellier, Madrid, Bordéus, Alemanha e Itália, temos um mestrado comum em viticultura e enologia”, referiu o professor da FCUP. Assim, explicou a vasta carteira de contactos criada e apontou a mesma como sendo a razão principal pelo início do novo programa. “Pensamos, segundo os estudos internacionais, que o enoturismo vai continuar a crescer de uma forma muito interessante na próxima década”, concluiu Jorge Queiróz.

O programa tem ajuda da Comissão Europeia, que angariou um orçamento de dois milhões e meio de euros. Desses, a maioria será dirigida à criação de bolsas para os alunos do curso, cerca de 50 por ano com um valor que anda pelos mil euros mensais, que irão ajudar alunos com as despesas. A propina anual terá um valor de 4500 euros anuais para alunos da União Europeia, sendo o dobro para estudantes oriundos de outras zonas geográficas. O projeto irá contar ainda com o apoio do programa Erasmus + estando sob a alçada do Erasmus Mundus Joint Master Degrees (EMJMD).