Esta quinta-feira, foi apresentado um estudo sobre crianças e tecnologias digitais. O trabalho, coordenado pela Joint Research Centre, da Comissão Europeia, foi em Portugal e em vários países da Europa.

A maioria dos pais não tem noção do nível do conhecimento das crianças, no que toca às tecnologias. A conclusão consta de um estudo, realizado entre julho e agosto de 2015. Patrícia Dias, professora auxiliar convidada da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, e Rita Brito, licenciada em Educação de Infância, são as caras por trás do trabalho que tinha como objetivo estudar a relação entre as crianças e as tecnologias digitais.

O “tablet” é o “brinquedo” mais utilizado. A percentagem de crianças que possui um “tablet” sobe radicalmente, de acordo com Rita Brito, a partir dos seis anos. Assim se justifica que este seja o instrumento mais utilizado pelas crianças entrevistadas para o estudo.

E é nele que os mais novos passam horas, de acordo com o relatório, muitas vezes sem supervisão dos pais. “Uma nova babysitter” foi o termo utilizado pelas investigadoras quando se referiam ao uso do aparelho tecnológico.

A “velhinha” televisão deu lugar ao tablet e este ultimo é utilizado para entreter crianças quando os pais não têm tempo: no restaurante quando esperam pela comida, quando têm algum assunto para tratar, em casa quando preparam as coisas para o dia seguinte, o “tablet” assume o papel de “babysitter”.

O estudo concluiu também que os pais estão pouco esclarecidos no que toca a mecanismos de defesa da criança contra possíveis riscos da exposição às tecnologias. As investigadoras concluíram que os pais desconhecem medidas de controlo como a criação de uma conta própria para as crianças, para evitar que estas tenham acesso a vídeos sugeridos do Youtube.

As autoras do trabalho deixaram algumas recomendações: para a indústria, a criação de mais conteúdos didáticos nas línguas nativas do país em causa. Para as escolas, a integração das tecnologias e mais formação para os professores. Para os decisores políticos, uma maior promoção do acesso às tecnologias nas escolas. Para os pais e educadores, uma maior articulação entre ambos e uma utilização das tecnologias mais pensada.

Algumas das crianças entre os seis e os sete anos ainda não sabiam bem ler e escrever e, no estudo, foi revelado que a maioria utilizava técnicas alternativas, como por exemplo a memorização visual dos caracteres.

A amostra utilizada foi de dez famílias, em cada um dos 18 países envolvidos no estudo, sempre com crianças com uma idade compreendida entre os 6 e os 7 anos. Foram entrevistadas famílias com filhos únicos, com irmãos mais velhos, ou mais novos, pais divorciados, com um dos pais a trabalhar fora e de diferentes patamares socioeconómicos.

 

Artigo editado por Filipa Silva