Foi nas instalações da escola em que Francisco Sá Carneiro estudou que Marcelo quis falar aos jovens sobre o político. A manhã desta quinta-feira começou com uma visita guiada do Chefe de Estado à Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas. Ainda antes da conferência, houve tempo de ver o museu da ciência, no piso superior, e de visitar várias salas de aula para interagir com alunos e professores. “Praticamente só raparigas!”, brincou Marcelo sobre uma das turmas.
A conferência foi dada no auditório do Conservatório de Música do Porto, que partilha o edifício com a Rodrigues de Freitas. Mesmo antes de ir falar aos estudantes da escola secundária, o Presidente da República teve direito a um pequeno concerto dado pelos alunos do Conservatório.
Sá Carneiro seria “adepto crítico” da Europa e democracia atuais
Um pai da democracia, um homem do Porto, um “meteoro” que marcou à esquerda e à direita – foi este o retrato que Marcelo traçou de Francisco Sá Carneiro. O Presidente da República elogiou a “inteligência felina” e “memória prodigiosa” do histórico político português. Falou também de um discurso “muito racional”, diferente do “que está na moda”, dos “soundbytes” e do “Twitter” que marcam a realidade política atual.
E se salienta que Sá Carneiro foi um apoiante da democracia, da presença portuguesa numa União Europeia e de uma comunidade de países de língua portuguesa como os PALOP, também acha que o político seria um “adepto crítico” da Europa e da democracia atuais. Sá Carneiro ia querer uma Europa e uma democracia “melhor do que a que temos”: mais justa e solidária, com mais participação e mais transparência.
Hoje, Francisco Sá Carneiro estaria especialmente preocupado com “os chamados populismos”. Marcelo Rebelo de Sousa diz que a tendência do político para a racionalidade não lhe ia permitir aceitar promessas ilógicas de “regresso a um passado” ou de “formas impossíveis de futuro”.
“Não sejam apáticos, isso é criminoso”
Aos jovens, Marcelo quis deixar a ideia de que “não é preciso ser presidente nem político para se ser importante para o país”. Foi a frase com que abriu a conferência, na qual guardou a maioria do tempo para responder às perguntas dos alunos.
Perto do final, o Presidente da República deu vários conselhos aos jovens. O contributo que podem dar ao país passa por estarem “atentos” e não ficarem “egoístas”, por intervirem em grupo. Segundo o Marcelo, é por os cidadãos não exercerem o seu poder político que aparecem “soluções de que eles não gostam”.
“Não sejam apáticos”, advertiu o presidente, “isso é criminoso.” Depois de Sá Carneiro, Marcelo planeia ir falar de Mário Soares e Freitas do Amaral às escolas onde estudaram.
Artigo editado por Rita Neves Costa