O projeto de reconversão e exploração do antigo Matadouro Municipal do Porto, em Campanhã, está pronto para avançar para concurso público.

O plano desenhado pela autarquia para o local, bem como os principais critérios de avaliação das propostas, foram revelados esta terça-feira aos vereadores na reunião do Executivo camarário.

A Câmara do Porto prevê investir 15 milhões de euros na requalificação e reconversão do equipamento classificado como “âncora na reabilitação da zona oriental da cidade do Porto”.

A autarquia estima que “se tudo correr bem” o concurso deve estar concluído no prazo de nove meses, seguindo-se a fase de projeto – mais sete meses – e a de obra propriamente dita, esta estimada em  24 meses. No total, o Matadouro está a uma distância superior a três anos e quatro meses.

O projeto inclui a construção de uma ligação entre a Rua de São Roque e a estação de metro do Estádio do Dragão.

Para o efeito vai ser construída uma rua interior no espaço do Matadouro que ligará a um edifício em altura (também novo) o qual dará acesso, por sua vez, a uma passagem superior sobre a VCI que conduzirá os transeuntes à entrada da estação de metro do Estádio do Dragão.

A ideia é vencer a “barreira segregadora”, de 13 metros de altura, que constitui o viaduto da VCI que separa São Roque da Lameira da envolvente do Estádio do Dragão.

O renovado Matadouro Industrial do Porto tem cerca de 20 mil metros quadrados de área de construção. Cerca de 9 mil vão ser explorados pela autarquia e correspondem aos equipamentos culturais e sociais; os restantes 11 mil, destinados à instalação de empresas, espaços comerciais, gastronómicos e desportivos, será entregue a privados.

Oa espaços culturais incluem o Museu da Indústria, Museu do Matadouro, uma Biblioteca, espaços culturias, um depósito de obras de arte, espaço para residências artísitcas, um auditório e espaço performativo.

A concessão de exploração do Matadouro será de 30 anos.

No modelo de concurso adotado, a autarquia decidiu não aplicar “o instituto do preço anormalmente baixo” preferindo adotar um modelo simples de qualificação. Assim, o preço valerá 25% da avaliação da proposta ao passo que a qualidade técnica pesará 75%.

Na proposta a concurso, além do estudo prévio relativo aos trabalhos de construção e reconstrução do Matadouro, do novo edifício e da passagem superior da VCI, os concorrentes têm ainda de apresentar um plano de exploração, um plano de programação e um plano de manutenção e de conservação.

O edificado “afundado pela VCI”

Toda a vereação apoia o projeto de reabilitação do Matadouro. Correia Fernandes, vereador do PS e ex-responsável pelo pelouro do Urbanismo, é da opinião de que a reconversão da envolvente do Matadouro também podia fazer parte do concurso ou estar pelo menos no projeto enquanto “ideia global”.

Rui Loza, agora no seu lugar, assegurou que esse trabalho está em curso e só não foi apresentado nesta reunião por se encontrar ainda numa “fase preliminar”.

Rui Moreira acredita que este projeto “não vai resolver o problema todo [de Campanhã] mas é um passo no bom sentido, como o Terminal Intermodal é um passo no bom sentido”, refletiu.

“Ou somos capazes de fazer as coisas dizendo tem de haver aqui um período sequencial relativamente ao que estamos a fazer em Campanhã, com um desígnio final, ou se estamos à espera de fazer tudo de uma vez só, acabamos por não fazer nada”, considerou ainda.

“Tenho a certeza absoluta que vamos conseguir vencer o problema daquele edificado que parece que foi afundado pela VCI”, declarou o presidente da Câmara do Porto. Problema que o autarca diz não ser fruto da desindustrialização daquela zona. “É um mito. [O problema de Campanhã] tem a ver com o facto de lhe ter sido cortado o território três vezes. Foi cortado numa primeira fase pela Linha Férrea, foi cortado uma segunda vez pela Circunvalação e foi cortado uma terceira vez pela VCI e foi isso que quase separou aquele território do Porto”, resumiu.