No Dia dos Direitos do Consumidor, celebrado anualmente a 15 de março, recordamos o desafio lançado pela European Environmental Bureau (EEB) há cerca de um mês. A ideia que deu forma à campanha “40 dias sem plático” tem como principal objetivo diminuir o uso de plásticos descartáveis. A Quercus e a Asssociação Zero juntaram-se à causa e apelam aos portugueses para que adiram e que estejam mais sensibilizados quanto ao consumo de plásticos no dia a dia.
“Não podemos continuar nesta filosofia de produzir, usar uma vez e deitar fora. Temos que começar a pensar numa forma de viver com qualidade, mas dentro dos limites do planeta”, explica Susana Fonseca, diretora da Associação Zero.
O JPN esteve à conversa com as duas associações (Zero e Quercus) e com Ana Milhazes Martins, autora do blogue “Ana, Go Slowly” e do movimento Zero Waste Portugal, para perceber quais as dicas para cumprir o desafio #40DiasSemPlastico.
- Compras – procure produtos com menos embalagem (de preferência cartão ou vidro) e produtos a granel; use sacos reutilizáveis ou caixas de cartão, em vez dos sacos de plástico;
- Armazenamento – armazene os produtos alimentares em frascos de vidro;
- Higiene – Troque a sua escova dos dentes e de cabelo convencionais por uma escova de bambu; passe de usar embalagens de champô para champô em barra;
- Água – Em vez de consumir água engarrafada, consuma água da torneira e substitua a sua garrafa descartável por uma reutilizável ou termus;
- Não faça largadas de balões;
- Não seja o único – procure um amigo que o acompanhe neste desafio;
- Mostre o seu descontentamento – avise quem gere os estabelecimentos que frequenta que gostaria que os materiais usados não fossem de plástico;
- Planear – levar um estilo de vida mais amigo do ambiente requer muito planeamento.
Para Cármen Lima, coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus, este é um desafio de dificuldade média. Para os ambientalmente mais conscientes e os que já foram substituindo os materiais descartáveis do seu dia a dia, trata-se de uma fácil adaptação, no entanto “há outras pessoas que são mais comodistas… e para essas, o desafio é mais difícil”, mas não impossível.
Para a Zero, o problema passa, muitas vezes, pelo facto de “as pessoas não conhecerem as soluções, não saberem onde podem comprar sem necessitar de embalagens, não saberem quais são as lojas a granel, lojas de produtos biológicos e mercados locais. As pessoas não têm as suas práticas no sentido de integrar essa reutilização de sacos e comprar a granel”, explica.
Ana Milhazes Martins, tem 33 anos, e foi em 2016 que deixou de produzir lixo: “Eu tento viver sem plástico há já quase dois anos… Na altura era vista como uma extraterrestre”, recorda. “Acho que este é um desafio difícil, sobretudo pelo estilo de vida que vivemos”, diz ainda ao JPN. O ritmo acelerado faz com que as pessoas “não tenham muito tempo para pensar” e acabem por “pegar naquilo que é mais rápido e prático, que é quase sempre plástico”.
“Nós sabemos que estamos a colocar o planeta sob enorme pressão”, alerta a Zero. “As alterações climáticas são o sinal mais evidente”.
“Em casa, as pessoas conseguem adotar os seus sistemas de reutilização e de redução de plásticos. A maior dificuldade está quando vamos adquirir produtos a um estabelecimento”, diz a coordenadora da Quercus.
As três veem Portugal dependente do plástico. “O plástico está em todo o lado. Foi uma coisa que se banalizou”, dizem. Para Ana, o truque está em “termos tempo para pensar. Porque vivemos tudo em [modo de] piloto-automático” e não conseguimos contrariar esta tendência.
A campanha “40 dias sem plástico” termina a 25 de março.
Artigo editado por Filipa Silva