Em Portugal, o número de mortes causadas pelo novo coronavírus aumentou, esta terça-feira (24), para 33. São mais dez do que as registadas na véspera, mais quatro do que as avançadas pelo secretário de Estado da Saúde na conferência de imprensa do dia, antes de ser conhecido o habitual Boletim Epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). O número de doentes infetados com Covid-19 subiu para 2.362. Lisboa (175) é o concelho com mais casos. Seguem-se Porto (126), Maia (104), Gaia (68) e Valongo (65).
Face aos 2.060 casos de ontem há, então, 302 casos novos de infeção pelo SARS-COV-2 em Portugal.
Das dez novas mortes registadas, seis ocorreram na região centro. A região norte é a que regista mais óbitos (14), seguida da de Lisboa e Vale do Tejo (12) e do Algarve (um). Ao contrário da informação inicialmente divulgada pela DGS, não ocorreu qualquer morte nos Açores.
O números mostram que os casos recuperados também aumentaram. São agora 22 as pessoas que testaram negativo depois de terem contraído o vírus. Desde segunda-feira, oito pessoas recuperaram: uma na região centro e sete na região de Lisboa e Vale do Tejo.
A região norte continua a apresentar o maior número de infetados, com 1.130 casos confirmados. Segue-se Lisboa e Vale do Tejo com 852 casos e a região centro com um total de 293 casos confirmados.
O Algarve conta, agora, com 46 casos de coronavírus e a região do Alentejo com seis. Nos Açores o número de infetados mantém-se (11), mas na ilha da Madeira o número aumentou para 12 casos.
São 1.783 as pessoas que ainda aguardam os resultados laboratoriais do teste.
Há mais dois casos em internamento, o que perfaz um total de 203 doentes internados, dos quais 48 estão nos cuidados intensivos – mais um do que na segunda-feira.
O Boletim Epidemiológico disponibilizado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) mudou de formato, estando agora mais completo com a caracterização demográfica dos dados confirmados, por concelho, e a descriminação dos óbitos por género e grupo etário.
Até ao momento morreram mais homens (23) do que mulheres (10), todos com mais de 50 anos. Das 33 mortes registadas, 21 são de pesoas com mais de 80 anos e cinco têm mais de 70.
Os dez concelhos mais afetados são do Grande Porto e da Grande Lisboa.
Casos confirmados por concelho
Lisboa – 175
Porto – 126
Maia – 104
VN Gaia – 68
Valongo – 65
Gondomar – 56
Ovar – 55
Matosinhos – 54
Cascais – 39
Sintra – 39
Novos critérios de testagem em breve
O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou, na conferência de imprensa desta terça-feira, que “não há racionamento dos testes, há racionalização dos testes”. Assim, está a ser ponderada a testagem de profissionais de saúde assintomáticos, que tenham estado em contacto com pacientes Covid-19.
António Lacerda Sales acrescentou que a testagem destas pessoas, incluindo profissionais de saúde de lares, depende do reforço da capacidade de testagem esperado – mais 80 mil testes chegam esta semana, assegurou.
O subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, complementou: “a norma [ontem publicada pela DGS] alarga muito o número de testes que vamos passar a fazer diariamente”. Esta nova norma permitirá realizar testes “ao mínimo sintoma que apareça” e atribui mais liberdade aos clínicos para os fazerem.
Melhor preparação das instituições
António Lacerda Sales admitiu que a grande preocupação é preparar as instituições de saúde do país, e não fazer previsões e estimativas, pois “os cenários são muito voláteis no tempo”. “Temos de planear o pior sempre e esperar o melhor sempre”, apontou o secretário de Estado da Saúde que confirma contar com a chegada “progressiva até meados de abril” de 500 ventiladores e 280 mil testes.
António Lacerda Sales avançou, ainda, que a nova circular normativa da DGS contempla a preparação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para a fase de mitigação do vírus, através de uma abordagem aos casos suspeitos em novas áreas dedicadas a Covid-19 em cada centro de saúde.
Medidas para os lares de idosos
Sobre a fragilidade dos lares, António Lacerda Sales afirmou, ainda, que um dos critérios de prioridade da nova norma são a população mais vulnerável, nomeadamente os doentes em lares.
Sobre a testagem dos profissionais das instituições de terceira idade, Diogo Cruz alertou para uma “falsa segurança de que a pessoa testada não estará infetada”. O subdiretor-geral da Saúde deixou a decisão às autoridades: “se a autoridade de saúde decidir que naquela pessoa é importante fazer o teste, será feito o teste”.
O vírus de Portugal será uma mutação do vírus original?
Questionado pelos jornalistas, Diogo Cruz referiu apenas que ainda não dispõe de informação que permita retirar mais conclusões sobre o novo coronavírus. “Nesta fase, não consigo nem confirmar, nem desmentir essa informação”, assumiu o subdiretor-geral da Saúde.
Ordens dos profissionais estão a ser “inexcedíveis”
António Lacerda Sales aproveitou para agradecer às ordens dos médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas, que disse terem sido “inexcedíveis” no fornecimento de profissionais para apoio. O secretário de Estado da Saúde disse não querer “esgotar os profissionais todos de uma vez”, pelo que estão a ser aproveitadas as bolsas “de acordo com a necessidade”.
Artigo editado por Filipa Silva
Artigo atualizado pela última vez às 15h38 do dia 24 de março com outros dados estatísticos do Boletim Epidemiológico do dia da DGS, bem como com declarações da conferência de imprensa.
Artigo corrigido às 11h30 do dia 25 de março. Vários dados disponibilizados ontem pela DGS foram, posteriormente, corrigidos. Todas as correções do documento estão agora refletidas no artigo.
