Apesar de uma segunda parte de muito bom nível, ainda não foi desta que o Boavista conquistou os seus primeiros três pontos. Um golo solitário de Marcus Edwards ditou o desfecho do encontro que, esta segunda-feira à noite, encerrou a quarta ronda do campeonato no Estádio do Bessa. Graças ao segundo triunfo consecutivo, o Vitória SC ascendeu ao quinto lugar, ultrapassando o rival SC Braga. Já a equipa de Vasco Seabra fixa-se no penúltimo lugar da classificação, com dois pontos somados.

Do lado dos visitantes, muita expectativa para ver o primeiro jogo de João Henriques ao serviço do clube de Guimarães. Entre os da casa, previa-se também um Boavista FC com muita qualidade. Um clube que tem suscitado muito entusiasmo, muito devido ao seu treinador, Vasco Seabra. Enquanto que João Henriques foi um dos melhores treinadores das últimas duas épocas no principal campeonato ao serviço do Santa Clara, Vasco Seabra foi, a par de Luís Freire, um dos treinadores sensação da Segunda Liga, comandando o Mafra.

Início muito tático

Como se esperava, foi o Boavista FC a tomar a iniciativa do jogo. Numa espécie de 4-2-3-1 que se transformava num 3-1-5-1 – com Javi Garcia a descer para formar uma linha de três com os centrais -, Vasco Seabra fazia subir muito os seus laterais, Reggie Cannon na direita e Ricardo Mangas na esquerda, com Paulinho, Nuno Santos e Sauer a funcionarem como os criativos num meio-campo boavisteiro muito flexível.

Já o Vitória alinhou com uma estrutura mais rígida, com Rochinha a ser a principal novidade desde a era Tiago Mendes, atuando na posição 10, com liberdade para descair em qualquer um dos flancos. Ao longo de todo o jogo, os vimaranenses iam dependendo muito da qualidade individual de Edwards, que voltou à melhor forma do ano passado depois de um início menos bom de época, e de Quaresma. Com uma aposta muito forte em transições rápidas, via-se muitas vezes Bruno Varela a jogar a bola num dos laterais projetados para estes colocarem logo nas costas da defesa boavisteira.

Domínio vitoriano mesmo sem bola

Apesar do início menos espetacular, os vitorianos vinham com a lição bem estudada: bloquear possíveis combinações dos médios criativos do Boavista FC e explorar as costas dos defesas das “panteras”. Como já mostrou no FC Porto, Chidozie tem uma forte propensão para o erro e Rami, que acabou por sair lesionado logo aos 5 minutos, tem muitas dificuldades a controlar a profundidade devido à falta de velocidade.

Foi precisamente através dessa exploração da profundidade que nasceu o primeiro golo da partida para o Vitória SC, aos 19′. Numa jogada muito rápida, Bruno Varela coloca a bola no estreante Ouattara que com dois toques faz logo o passe para as costas de Chidozie. Bruno Duarte consegue receber bem, mas é afastado da baliza pelo defesa boavisteiro. Ainda assim, consegue cruzar para Edwards que tinha entrado na área. O jovem inglês, com toda a magia a que nos tem habituado, tira um adversário do caminho com facilidade e remata com força para o fundo da baliza de Léo Jardim.

O Boavista FC conseguia crescer a espaços quando a bola entrava dentro do bloco vitoriano, com Nuno Santos em grande destaque, quer em ações individuais quer em combinações com os colegas. O melhor lance da equipa surge precisamente de uma grande abertura do médio internacional sub-21 para Reggie Cannon que cruza bem na direção de Benguche. O avançado, em esforço máximo, apenas consegue um toque leve na bola que a desvia para o poste.

Boavista por cima

Na segunda parte, o domínio foi absoluto por parte das “panteras”. Com o cansaço do duplo pivô vitoriano e com a maior insistência em passes entrelinhas, o Boavista FC conseguiu entrar no bloco defensivo do Vitória jogada atrás de jogada. Novamente, foi Nuno Santos a assumir-se como o principal criador de jogadas boavisteiras.

Numa tentativa de fechar mais o espaço no meio-campo, João Henriques tirou, surpreendentemente, Marcus Edwards, o melhor do Vitória até à altura, para introduzir Pepelu, um trinco. Ainda assim, o Vitória continuou a não conseguir defender o miolo do terreno e perdeu o seu maior agitador na frente.

A única oportunidade do Vitória surgiu num corte na defesa boavisteira que ressalta noutro jogador e acaba por isolar Rochinha. O português conseguiu progredir bem com a bola, ainda sem adversários por perto, mas acabou por tentar o bonito, um chapéu à entrada da área, e falhou o golo para o desespero do banco do Vitória.

Falta de eficácia no último terço

O Boavista continuava a aproximar-se muito da baliza defendida por Bruno Varela, mas acabava sempre por falhar ou o último passe ou a finalização. A melhor oportunidade surge aos 66’ quando Benguche consegue receber a bola à entrada da pequena área, mas o seu remate foi parado por um fantástico corte de Jorge Fernandes já no chão.

Vasco Seabra ia metendo cada vez mais jogadores para o seu ataque, mas continuava sem sorte no último terço. Deu as estreias a Elis e Juwara, mas nem assim conseguiu que a bola entrasse. Nuno Santos teve também um remate perigoso à entrada da área depois de uma boa penetração na área de Reisinho, mas, mais uma vez, a bola saiu ligeiramente por cima.

Nos minutos finais, o Boavista apostou já muito nas bolas longas para a área, caindo na zona de conforto do Vitória SC que conseguia afastar tudo o que vinha na direção da sua área.

O jogo acabou com a vitória dos vimaranenses, num jogo em que o Boavista foi melhor, com grande destaque para Marcus Edwards, entre os vitorianos, e Nuno Santos, no conjunto da casa.

As duas equipas voltam a jogar para o campeonato no domingo: o Boavista desloca-se ao terreno do Famalicão, ao passo que o Vitória se prepara para receber o SC Braga num confronto entre os atuais quinto e sexto classificados.

À espera do primeiro “xeque-mate”

Vasco Seabra, claramente frustrado pelo resultado final, destacou que a sua equipa foi muito superior e que é já o terceiro jogo em que, na sua opinião, saiu com pontos a menos para o que a sua equipa fez.

Na conferência de imprensa, o técnico do Boavista admitiu também aos jornalistas que falta a primeira vitória para dar confiança à equipa, mas mostrou-se ainda muito confiante para o resto da época, afirmando que as “panteras” vão ainda “conquistar muitos pontos, em muitos jogos consecutivos”.

“Castelo” bem defendido

No rescaldo do seu jogo de estreia aos comandos do Vitória, João Henriques disse que na primeira parte a equipa entrou como ele tinha dito, de uma forma “agressiva e pressionante”. Ainda assim, assume que na segunda metade o Boavista FC foi muito superior, valendo as valentias defensivas da sua equipa.

Artigo editado por Filipa Silva