Neste sábado à noite, foi Evanilson quem se fez herói no Dragão. Num jogo a contar para a 5.ª jornada do campeonato, o brasileiro garantiu a vitória portista ao marcar o único golo da partida. O FC Porto, que foi sofrendo metamorfoses ao longo do jogo, encontrou um Gil Vicente com a lição bem estudada. Na segunda parte, a vantagem podia ter sido dilatada, mas após a expulsão de Zaidu os dragões acabaram a sofrer. Para os barcelenses, foi a primeira derrota no campeonato.

À entrada para o jogo deste sábado havia muita expectativa em relação ao “onze” dos dragões. Após o sistema apresentado na derrota europeia (5-4-1/3-4-3), e com Luíz Dias e Otávio de fora, adivinhavam-se alterações na equipa titular. Pairava a dúvida sobre se Sérgio Conceição iria regressar ao 4-3-3 dos últimos tempos, se arriscaria num sistema com 3 defesas, ou se optaria por um 4-4-2, com Taremi ou Toni Martínez ao lado de Marega. Mas nada fazia prever a revolução “cozinhada” por Conceição: um 3-5-2 marcado pelo regresso de Nakajima (não era titular desde março), e pela estreia na titularidade dos reforços Evanilson e Toni Martínez. Taremi ficou no banco.

Do lado do Gil Vicente, estava uma equipa sem derrotas no campeonato e com apenas um golo sofrido. Com uma linha defensiva de cinco elementos, bastante coesa, a equipa orientada por Rui Moreira prometia dificuldades ao ataque portista. Os três jogadores da frente, com destaque para Samuel Lino, o melhor (e único) marcador da equipa de Barcelos na Liga, apresentavam-se como a maior ameaça apontada aos defesas portistas. A única mudança no onze titular – saída de Lucas Mineiro e regresso de João Afonso – fazia prever a estratégia delineada pelo seu treinador: defender. 

Muitos a atacar, poucos a pensar

O FC Porto entrou em campo a ocupar o terceiro lugar da classificação após o triunfo do Sporting nos Açores, mas a ambição de recuperar o segundo lugar pareceu ter-se perdido no meio de tantas alterações. 

O jogo começou bastante partido, com ambas as equipas a tentarem atacar, mas sem grande perigo.  Do lado portista, a posse de bola era inconsequente e faltava critério no passe. Com Manafá na ala esquerda, e Nakajima no meio a tentar furar o bloco de Barcelos, o resultado era sempre o mesmo: a perda de bola. 

Faltava equilíbrio e ritmo ao FC Porto, e o único rasgo de luz era Corona, que de vez em quando aparecia e tentava dar alguma consistência ao ataque. A mudança do mexicano para o flanco esquerdo (devolvendo Manafá ao lado direito), permitiu aos portistas crescerem no jogo, ainda que o Gil Vicente tenha conseguindo criar ocasiões de perigo.

Uma delas foi aos 26 minutos: os barcelenses conseguem recuperar a bola e partir para um contra-ataque com superioridade numérica. Samuel Lino recebe a bola do lado esquerdo, junto à linha final, mas o extremo brasileiro embrulhou-se nas fintas e a bola acabou por ficar nas mãos de Marchesín.

A troca deu frutos

O FC Porto ia crescendo e aos 28 minutos Tecatito devolveu a magia ao Dragão. Num lance fabuloso, quase que a dançar na ala esquerda, o mexicano passa por quatro jogadores do Gil Vicente, e cruza para o cabeceamento de Toni Martínez, mas a bola acaba nas mãos de Denis

Quatro minutos depois, novo lance de perigo para o FC Porto. Corona desequilibra no flanco, e a bola sobra para Manafá, que remata em força, mas o guarda-redes do Gil defendeu para canto. Logo de seguida, um lance que, noutros tempos, levaria o Dragão ao rubro: na sequência do canto, Fábio Vieira cruzou para Evanilson que desviou com a cabeça, mas a bola foi à trave.

Ainda havia jogo para os dois lados, até que o golo surge, aos 41 minutos: Zaidu aparece na esquerda e dá para Nakajima, que cruza para a finalização de Evanilson. O ex-fluminense remata para o fundo das redes, e estreia-se a marcar de dragão ao peito. 

Sofrer até ao fim

Para a segunda parte, o FC Porto volta a fazer alterações. Toni Martínez deu o lugar a Romário Baró, que se posicionou no lado direito do meio-campo, Nakajima instala-se no meio e Corona mantém-se na esquerda (4-2-3-1).

Aos 50 minutos já se notava a diferença. O meio-campo do FC Porto impôs-se, com Fábio Vieira e Baró a aparecerem e a serem determinantes na fase de construção da equipa.

E como vem sendo hábito, houve também um lance para o videoárbitro analisar: Baró remata e a bola bate no braço de Ygor Nogueira. Helder Marinheiro vai ao monitor e assinala penálti favorável à equipa portista (amarelo para Ygor). É Uribe quem assume a marcação, mas é Denis quem brilha, ao conseguir desviar a bola junto ao poste esquerdo da sua baliza.

Após minutos de sufoco na área do Gil Vicente, a equipa de Barcelos consegue partir para o contra-ataque. Num lance imprudente, Zaidu faz falta sobre Joel – um choque que deixa os dois jogadores no chão, e que vale o segundo amarelo ao jogador portista. 

Restavam assim dez homens do FC Porto em campo para os últimos 15 minutos da partida. As substituições, os lances de perigo para ambas as equipas, e o aumento do nível de “agressividade”, marcaram aquele que foi o período mais intenso do jogo.

A vitória não foi brilhante, mas a equipa de Sérgio Conceição conseguiu somar três pontos importantes, que permitem a aproximação provisória ao primeiro classificado, somando, para já, menos dois pontos do que o Benfica, que entra em campo na noite de segunda-feira. 

Adaptar ao adversário? “Era o que faltava!”

No rescaldo da partida, Sérgio Conceição admitiu que a forma como a equipa entrou no jogo não foi a melhor, explicando que “por vezes não é com muita gente na frente que se cria perigo”. 

Deixou elogios aos reforços, e justificou as alterações no “onze” e no sistema, com as lesões e com a fadiga, afirmando que “tinha que obrigatoriamente mexer, encontrar gente fresca”. Acrescentou ainda que “mais ousado que isto era impossível, e não adaptando a um adversário. Isso era o que faltava!”

“Só sei que nós não nos ajustámos ao adversário”

Rui Moreira reconheceu a fase de crescimento da equipa, mas lembrou que “não há nenhum treinador no mundo que fique feliz por perder um jogo”. Quanto à identidade do seu grupo, relembrou: “Só sei que nós não nos ajustámos ao adversário”.

Na próxima jornada, o FC Porto vai a Paços de Ferreira, enquanto que o Gil Vicente recebe o Vitória SC. Antes disso, já na terça-feira (27) os dragões recebem o Olympiacos para a Liga dos Campeões, e os barcelenses vão a Alvalade na quarta-feira (28) disputar o jogo da 1.ª jornada, que está em atraso.

Artigo editado por Filipa Silva